O jornalista Moisés Mendes escreve sobre as pretensões presidenciais do ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro. Ele foi para o Podemos e quer se consolidar como terceira via. Mendes abordou o assunto em seu blog.
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Moro é fracasso anunciado
Sergio Moro condenou Lula ao cárcere político e foi trabalhar para o maior inimigo de Lula e da democracia. Não deu certo.
Bolsonaro achou que Moro teria competência para aparelhar a Polícia Federal e transformá-la num reduto da arapongagem da extrema direita a serviço da família.
Moro não soube fazer o que Bolsonaro determinou que fizesse. Brigaram, Moro acusou Bolsonaro de tentar manipular politicamente a PF, e o caso virou inquérito que não anda no Supremo.
O chefe de Deltan Dallganol decidiu então trabalhar como consultor da Alvarez & Marsal, empresa americana que ensina as corporações a cumprirem as leis e a serem obedientes a normas éticas e aos bons modos.
Também não deu certo. Ninguém sabe até hoje o que Moro fazia de útil no governo de Bolsonaro e não se sabe o que ele pode ter feito na consultoria sobre ética com a qual acaba de romper o contrato.
Moro parte para outra empreitada, agora como candidato a presidente da República. No dia 10 de novembro, filia-se ao Podemos e vai à luta.
Já se sabe que não vai dar certo de novo. Moro não tem pegada para enfrentar uma campanha em que será exposto pela esquerda e pela direita que o bajulava nas ruas.
O ex-juiz vai se apresentar como o candidato do lavajatismo, logo agora que a Lava-Jato não vale mais nada? Pode ser tarde demais.
Durante muito tempo, logo depois da posse de Bolsonaro, a classe média com camiseta da Seleção participava de manifestações pró-Moro, e não pró-Bolsonaro.
Hoje, esse público o considera traidor da causa. Moro é um dos extraviados do bolsonarismo, um dissidente que se junta a outros ex-parceiros do genocida.
Moro, Eduardo Leite e João Doria foram, em algum momento, cúmplices de Bolsonaro e só saltaram fora porque perceberam que deveriam ser espertos de novo. Bolsonaro havia se tornado uma bomba.
Joice Hasselmann, Janaína Paschoal, Paulo Marinho e Alexandre Frota são deste time. Todos têm ou tiveram a mesma índole, as mesmas causas e a mesma ideologia, com diferenças pontuais que podem, por exemplo, diferenciar Doria e Leite porque esses são fofos.
A direita fofa, que sempre cria esses personagens com aparência de políticos de centro, não engana ninguém. Leite e Doria são da mesma turma de Sergio Moro e de Bolsonaro. Apenas caíram fora porque não fica bem andar com um genocida.
No PSDB, Leite está hoje à direita de Doria, com quem disputa a prévia de 21 de novembro. Todos eles vão se devorar na mesma arena da direita, para saber quem pode ir para o segundo turno contra Lula.
E ainda tem Ciro Gomes, que decidiu se assumir como candidato da direita, disputando a mesma vaga com Bolsonaro, Doria e Leite. Mas aí a conversa é outra. Ciro já deve estar com a cabeça em Paris.
O FILHO DIFERENTE DO PAI
A Nike nos informa o que o jornalismo brasileiro ignorava. Matheus Bachi, filho de Tite e auxiliar do pai na Seleção, não curtiu por acaso uma postagem homofóbica do jogador de vôlei Maurício Souza.
Ficamos sabendo que, pelo monitoramento que a Nike faz das curtidas do moço nas redes sociais, ele é bom de likes em textos e memes com transfobia, machismo e violência de gênero.
A Nike patrocina a Seleção. Matheus poderá, daqui a pouco, ser ex-auxiliar da Seleção.
Parece que decidiu andar por outros caminhos, ao lado da extrema direita, para o lado oposto da trajetória do pai.
ALMAS ITALIANAS
O bom mesmo é se, além de fecharem as igrejas quando Bolsonaro aparece na esquina, os italianos reabilitassem a alma de um ancestral do sujeito.
Um ancestral democrata, de preferência esquerdista, que reaparecesse nas ruas de Roma para atormentá-lo.
Uma figura poderosa, uma mulher esculpida por Niccolò dell’Arca, que saísse gritando pelas ruas e expulsasse Bolsonaro da cidade.