“Fugir, Esconder e Lutar”: prefeito em SC obriga professores a fazer curso militar para reagir a ataques em escolas

Atualizado em 14 de abril de 2023 às 21:13
No destque, o prefeito de Cocal do Sul (SC), Fernando de Faveri: ele se diz “apaixonado pela Polícia Militar” (crédito: arquivo pessoal)

O prefeito Fernando de Faveri (MDB), da cidade catarinense de Cocal do Sul, de 17 mil habitantes, determinou na última quinta-feira (13) que todos os professores da rede municipal de ensino passem por um curso ministrado por oficiais da Polícia Militar de Santa Catarina para aprenderem a reagir a eventuais ataques praticados contra escolas. A prefeitura não informou se o curso inclui o manuseio e uso de armas de fogo.

Com isso, o município do sul de Santa Catarina passa a ser o primeiro do país a anunciar uma medida que há muito se anuncia em meio aos grupos políticos de extrema direita no Brasil: o de fornecer treinamento militar a docentes.

Na Polícia Militar catarinense, o responsável pela formação dos professores será o comandante do 29ª Batalhão da PM de Içara, tenente-coronel Eduardo Moreno. Será ele a coordenar a capacitação e o treinamento dos gestores da Educação, incluindo as diretoras das escolas, sobre como se deve agir em casos de ataque, cujas medidas são divididas em três tópicos: “Fugir, Esconder e Lutar“. A capacitação irá acontecer na próxima semana, graças a um convênio firmado entre a PM-SC e a prefeitura de Cocal do Sul.

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Participarão do treinamento aos docentes, ainda, policiais civis do estado de Santa Catarina, membros do Corpo de Bombeiros e uma consultoria privada de segurança, contratada pelo município.

O prefeito de Faveri se define como “apaixonado pela Polícia Militar”, e em seu “pacote de reação” aos atentados recentemente ocorridos em escolas brasileiras estão ainda 11 outras medidas, tais como contratação de mais vigias para as escolas, aumento de frequência de rondas policiais militares nas unidades de ensino, confecção e distribuição aos alunos de cartilhas de segurança e sobre como se defender de ataques com armas de fogo ou facas.

“Estamos fazendo consultorias, em que um policial militar qualificado vai até o ambiente escolar e atua na rotina dos alunos e professores, identificando pontos de vulnerabilidade e prestando orientação”, acrescents o tenente-coronel Moreno.

Tanto a contratação dos seguranças quanto a produção das cartilhas serão feitas de modo emergencial, sem processo de licitação. O custo não foi divulgado. Além disso, será implantado um Gabinete de Gestão Integrada do Município, em caráter excepcional e formado por militares, policiais civis e servidores municipais, para que o plano seja completamente excutado nas 12 escolas municipais de Cocal do Sul.

As escolas da cidade jamais sofreram um atentado ou sequer ameaça de um aos moldes dos que recentemente tiveram lugar em Blumenau (SC) e em São Paulo. Ainda assim, o prefeito apaixonado por polícia se vangloria pelo pioneirismo de seu plano, afirmando estar entregando “um legado eterno de segurança” para o município.

Quem também elogia o próprio projeto é o consultor em segurança privada e Coronel da PM Márcio Cabral, outro dos coordenadores da capacitação militar aos docentes:

“O plano que elaboramos possui 12 ações que têm seu coordenador e prazo de entrega, e com certeza Cocal do Sul larga na frente dos demais municípios, tendo a possibilidade de ter um projeto estruturado para a rede de proteção escolar da comunidade”.

Finalmente, o secretário municipal de Educação, Lucas Pereira, resume a nova filosofia do município: “Tanto a Secretaria como as forças de segurança estão alinhadas para trabalhar em conjunto, traçando planos efetivos; pedimos calma a todos os pais e professores, pois é um momento em que precisamos unir forças”, orienta.

O sonho de qualquer bolsonarista.