Um recente levantamento conduzido pelo Uol revelou denúncias feitas por 11 colaboradores que trabalham nas 15 unidades da rede de lojas de conveniência “Oxxo” na cidade de São Paulo.
Os relatos desses funcionários destacam desafios como acúmulo de funções, falta de segurança, jornadas exaustivas e assaltos. Durante as entrevistas, a preservação da identidade dos colaboradores foi priorizada com a alteração de seus nomes.
Fabiana, uma das primeiras contratadas para uma unidade Oxxo no centro de São Paulo em 2022, vivenciou uma realidade distinta da promessa inicial da empresa, que planejava abrir 300 lojas em três anos. Em novembro de 2023, esse número ultrapassou 350 unidades, transformando a paisagem urbana com seu modelo de “mercado de proximidade” aberto 24 horas, sem catracas ou seguranças.
Atraída pelos benefícios, como um vale-refeição de R$ 26 e um salário de R$ 2.300 para a função de “líder de loja”, Fabiana logo enfrentou desafios, incluindo dois assaltos nos primeiros dias de trabalho, tornando sua rotina permeada por medo e tensão.
Felipe, outro colaborador de uma unidade diferente, compartilhou que arrastões são comuns, envolvendo invasões com facas e barras de ferro, além de clientes agressivos que furtam impunemente.
A exposição constante a agressões, ameaças e assaltos, juntamente com as queixas sobre sobrecarga de tarefas, tem levado os trabalhadores a deixarem seus empregos, buscar apoio psicológico ou recorrer à Justiça.
Quem é a responsável pela Oxxo no Brasil?
A empresa, originada no México em 1978 e controlada pela FEMSA, a maior engarrafadora independente de Coca-Cola do mundo, conta com 20.883 unidades, conforme o relatório de dezembro de 2022.
No Brasil, o Grupo Nós, resultado de uma parceria entre FEMSA e Raízen, licenciada da marca Shell, é responsável pela Oxxo.
Embora tenha iniciado em Campinas (SP) em 2020, a maioria das unidades está concentrada na capital paulista.
A Raízen, de propriedade do empresário Rubens Ometto, é conhecida por suas ligações próximas com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Além da Raízen, Ometto é proprietário de marcas como Cosan e Comgás, e, em apenas uma de suas empresas, no ano de 2020, Ometto acumulava uma dívida de quase meio bilhão de reais com o governo.
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