Gaby Amarantos, Rafinha Bastos e Cauê Moura, os amigos da onça de 2023

Atualizado em 28 de dezembro de 2023 às 19:16
Pitty e Gaby Amarantos

Cícero dizia que “aquele que se mostra sério, constante e firme na amizade” deve ser considerado “de uma categoria particularmente rara, quase divina”.

“O fundamento da estabilidade e constância que buscamos na amizade é a lealdade”, escreveu no primeiro século antes de Cristo. “O amigo certo descobre-se na hora incerta”, resumiu, citando o poeta romano Ênio.

Os últimos dias de tragédias nacionais revelaram três amigos da onça.

A cantora Gaby Amarantos jogou a colega Pitty aos leões do cancelamento com um desabafo que deveria ter sido feito pessoalmente, dada a proximidade das duas. Ela preferiu o X, antigo Twitter.

“Amada Pitty, te escrevo aqui pela nossa amizade, pela admiração que tenho por você e por ter tido a oportunidade de conviver um pouco contigo, me sentindo a vontade para dizer que discordo de ti, mana. Quando você, como mulher branca, questiona o trampo memorável da BeyGOOD tu tens que pensar muitas vezes antes falar”, disse ela.

Beyoncé é uma deusa inquestionável, segundo Amarantos e o “fandom” da americana, e Pitty cometeu o pecado mortal de compará-la à irmã Dulce na visita que a popstar fez a Salvador no Natal para promover o documentário “Renaissance”. Heresia, posto que se trata de uma santa. Gaby resolveu dar lição de moral e humilhar a outra.

“As pessoas têm uma visão muito distorcida do que é uma verdadeira amizade, claro que eu a procurei pra falar no privado mas como mulher negra me sinto na obrigação de trazer essa discussão a público porque o buraco é bem mais embaixo. É preciso ter coragem para criticar um amigo”, disse, sabendo que Pitty estava sendo devorada no tribunal identitário.

Cauê Moura, PC Siqueira e Rafinha Bastos

Pitty está viva, pelo menos (por ora). PC Siqueira, que se enforcou na tarde de quarta, 27, depois de uma longa agonia pública, não pôde contar nem sequer com uma homenagem póstuma de dois youtubers que o acompanharam nos tempos em que ele era o maioral.

O comediante Rafinha Bastos e o influenciador Cauê Moura tinham com PC um canal com 1 milhão de inscritos que abordava temas de comportamento, denominado Ilha de Barbados.

Em 2020, após PC ser acusado de pedofilia, os dois sumiram. A polícia nunca conseguiu provar nada. O inquérito segue em segredo de justiça. Ele não era réu, não há provas de coisa alguma — mas PC Siqueira já havia sido condenado à morte pelas redes sociais.

Cauê e Rafinha não precisam, evidentemente, inocentar o companheiro. Mas não dar uma mísera palavra de adeus é outra coisa. Chama-se covardia. Eles fizeram, através da omissão, o mesmo que Gaby Amarantos fez com Pitty. Não há regulação de redes sociais que dê jeito nisso.