Gil diz que abolição deve ser permanente enquanto violência contra negro existir

Atualizado em 14 de maio de 2023 às 14:53
Gilberto Gil. Foto: Reprodução

O cantor Gilberto Gil afirmou no sábado (13), dia que marcou a assinatura da abolição pela princesa Isabel, que a abolição deve ser um movimento permanente até que os negros sejam “considerados construtores da história do Brasil para todos os brasileiros”. Com informações da Folha de S.Paulo.

“Enquanto a violência, a agressão, o desprezo em relação ao negro permanecer em grau insuportável, o conceito de que não alcançamos a abolição permanecerá”, disse Gil.

A declaração ocorreu durante abertura da 13ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup), no Rio de Janeiro.

Em mesa com o ator Haroldo Costa, o artista citou a redistribuição de terras pela reforma agrária, objeto de choques recentes entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), como um tipo de gesto nessa direção.

Durante o evento, Gil disse que atualmente o escritor Lima Barreto, por exemplo, seria mais bem acolhido por seus pares e poderia fazer parte da casa.

Costa, que fez parte do Teatro Experimental do Negro e foi o primeiro protagonista negro nos palcos do Theatro Municipal do Rio, também reconhece que a representação da raça no audiovisual cresceu.

“A televisão brasileira acordou tarde para que a sociedade fosse representada também por sua porção negra. Vamos criando a possibilidade não só profissional para os atores, mas de termos um conhecimento visto por esse olhar. Estamos tomando cada vez mais o leme da nossa história”, disse.

Nas palavras da mediadora, a escritora Eliana Alves Cruz, é uma história “contada a partir das costas e não do chicote”. Era comum que a cultura negra, quando representada no século 20, o fosse por vozes e rostos brancos.

Vinicius de Moraes foi um exemplo que levantou debate na mesa, quando Alves Cruz lembrou que ele se reivindicava “o branco mais negro do Brasil”.

Gil defendeu o poeta. “Vinicius tinha todo o direito de se considerar negro, era a matéria negra poética e imagética que ele trabalhava. É uma reivindicação legítima, mais a favor do negro do que um autoelogio”, afirmou.

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