Governo Bolsonaro mentiu para sauditas sobre joias e escondeu caso durante o ano eleitoral

Atualizado em 9 de março de 2023 às 17:46
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

Temendo que o escândalo das joias sauditas viesse à tona em pleno ano eleitoral e comprometesse o desempenho nas urnas, o governo de Jair Bolsonaro (PL) mentiu ao governo da Arábia Saudita sobre o destino das joias.

Numa carta endereçada ao príncipe árabe Abdulaziz bin Salman Al Saud, o então ministro de Minas Energia, Bento Albuquerque, informou que as joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões, teriam sido incorporadas à “coleção oficial brasileira” conforme determina “a legislação nacional e o código de conduta da administração pública”. O texto não menciona que os objetos foram apreendidos pela Receita Federal.

Ainda na carta, Albuquerque agradeceu a recepção que a comitiva brasileira teve durante a passagem pelo país em outubro.

Leia a carta, em inglês, com destaque para o trecho sobre as joias:

Carta escrita por Bento Albuquerque e enviada ao governo saudita

Segundo reportagem do Estadão, publicada na tarde desta quinta-feira (9), a carta foi enviada em 22 de novembro de 2021, quase um mês após a confiscação das joias no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.

Durante um ano, auditores da Receita Federal que tiveram alguma informação sobre os diamantes destinados à então primeira-dama Michelle Bolsonaro sofreram pressões do então chefe do órgão, Julio Cesar Vieira Gomes, e passaram a ter receio de acessar os sistemas ligados ao assunto ou falar sobre o tema.

Para resolver a questão, em fevereiro de 2022, o órgão emitiu um auto de infração e declarou a “pena de perdimento aos bens por abandono” e abriu ainda um prazo para que o governo recorresse. No entanto, como não houve manifestação, o “abandono” foi registrado em 25 de julho do ano passado.

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