Gregório Duvivier: “Lula só é de extrema esquerda num país que foi parar na extrema direita”

Atualizado em 8 de janeiro de 2018 às 7:37

Da coluna do comediante Gregório Duvivier na Folha.

Lula. Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Meu avô nasceu em Copacabana, em 1916, e morou na mesma casa por muitos anos, enquanto o bairro mudava ao redor.

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Lembrei disso quando vi Lula e Bolsonaro naquela matéria da “Veja”: “Os extremos que espantam”. Entendo perfeitamente que Bolsonaro seja visto como um extremista, e entendo que ele espante.

O sujeito passa os dias fazendo apologia da tortura e da estatização do nióbio. Quer dizer, nem sempre. Às vezes, faz o contrário: defende a estatização da tortura e faz apologia do nióbio.

O que não entendi foi o Lula ali no meio. Aliás, no meio, não. À esquerda, claro, com o olhar vidrado de quem vai comer seus bebês.

Lula só é de extrema esquerda num país que foi parar na extrema direita. Lula, todos sabemos, tá no extremo centro, e isso não é uma defesa. Queria muito que fosse o candidato disruptivo que a “Veja” acha que ele é —mas nada indica que ele será.

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A prova disso é a Globo, que sem qualquer mudança editorial, passou de emissora imperialista neoliberal a canal comunista bolivariano. Há, inclusive, quem chame esse jornal que você tem em mãos de Foice de S. Paulo.

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No subtítulo, a capa da “Veja” defendia a candidatura de figuras “ao centro”, como Henrique Meirelles e Luciano Huck. Nosso centro foi parar bem longe.