Greve no Metrô de SP: metroviários voltam ao trabalho e anunciam catracas liberadas

Atualizado em 23 de março de 2023 às 9:25
Estação de Metrô – Rovena Rosa/Agência Brasil

Por Caroline Oliveira

Os metroviários de São Paulo voltaram aos postos de trabalho, por volta das 8h30 da manhã desta quinta-feira (23), depois que o Metrô e o governo do estado aceitaram liberar as catracas para a população. A greve dos trabalhadores começou à meia-noite desta quinta-feira (23) nas linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata.

A proposta para que a população utilize o serviço gratuitamente foi feita pelos metroviários para não prejudicar os usuários e, paralelamente, pressionar o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a aceitar as reivindicações da categoria. Segundo os metroviários, a catraca deve permanecer livre até o fim das negociações com o estado.

O Sindicato dos Metroviários cobra do Metrô, que pertence à estatal Companhia do Metropolitano de São Paulo, o pagamento do abono salarial, a revogação de demissões por aposentadoria e novas contratações.

Estação Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo — Foto: TV Globo/Reprodução

Em nota enviada à imprensa, o Metrô informou que a situação econômica da estatal “não possibilita o pagamento de abono salarial neste momento”. Também disse que “não há justificativa para que o Sindicato dos Metroviários declare greve reivindicando o que já vem sendo cumprido pela empresa”.

A justificativa contrasta com os subsídios pagos pelo estado de São Paulo às concessionárias que operam outras linhas, como a ViaQuatro, responsável pela linha amarela do metrô. Desde o dia 1º de fevereiro, o subsídio pago em relação aos passageiros exclusivos é de R$ 6,3229. Já em relação aos passageiros integrados, o valor é de R$ 3,1615.

A quantia significa R$ 1,92 acima do que valor atual da tarifa pública, que é de R$ 4,40. Isso é possível porque o contrato entre a concessionária e o estado prevê reajuste anual do subsídio, que vem sendo superiores à inflação. Entre 2017 e 2021, a inflação registrada foi de cerca de 16%. A tarifa de remuneração da ViaQuatro, no entanto, foi de 30% nesse período.

Além disso, a concessionária tem prioridade no dia do recebimento dos valores, que saem de uma conta chamada Câmara de Compensação. Para esta conta vai a arrecadação de tarifas feita pelo Metrô, pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), pela ViaQuatro e pela ViaMobilidade.

Logo depois da ViaQuatro, a Via Mobilidade, que pertence ao mesmo grupo empresarial, a CCR, recebe os valores. CPTM e Metrô estatal são os últimos a receberem.

Isso gera o seguinte quadro: em cinco anos, o lucro da ViaQuatro aumentou cerca de 45%, saindo de R$ 375 milhões em 2015 para R$ 545 milhões em 2019. O número de passageiros, entretanto, cresceu somente 16,5%, no mesmo período. Por outro lado, entre 2011 e 2015, o governo de Geraldo Alckmin deixou de repassar R$ 1,1 bilhão ao Metrô estatal, operado pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (CMSP).

Originalmente publicado em BRASIL DE FATO

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link