
Uma greve conjunta convocada pelos funcionários do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) promete causar um grande impacto no trânsito da Grande São Paulo na próxima terça-feira (3). A paralisação é uma manifestação contra o plano de concessões e privatizações proposto pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e contará com a adesão de trabalhadores da Sabesp, a companhia estadual de abastecimento de água e coleta de esgoto do estado.
Em greves anteriores dos metroviários, como a ocorrida em 23 de março deste ano, a cidade registrou mais de 700 km de congestionamento. Para lidar com a situação, a prefeitura da capital reforçou a frota de ônibus, que já realiza uma média de 7,3 milhões de embarques em dias normais.
Os funcionários do Metrô, da CPTM e da Sabesp protestam contra os projetos de privatização do governador bolsonarista. O governo argumenta que a privatização resultará em melhorias nos serviços, antecipação de investimentos e até redução de tarifas para a população.

Em sua defesa, Tarcísio disse, no sábado (30), que não está “fazendo nada diferente” do que prometeu em sua campanha eleitoral em 2022. Ele ainda classificou o movimento como “uma greve sem pauta, uma greve política”.
As companhias ferroviárias, juntas, transportam cerca de 4,2 milhões de passageiros diariamente na região da Grande São Paulo, considerando apenas as linhas operadas por essas duas estatais. A greve afetará linhas essenciais, como as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata do Metrô, assim como as linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM.
Os trabalhadores discordam da posição do governo e citam o exemplo das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da CPTM, que foram concedidas à ViaMobilidade e enfrentaram um aumento significativo no número de falhas, levando a investigações do Ministério Público.
No caso da Sabesp, os funcionários argumentam que a empresa obteve bons resultados financeiros, com um lucro líquido de R$ 743 milhões no segundo trimestre, não representando um ônus para o estado. Além disso, eles destacam que a empresa tem planos de universalizar o saneamento em um curto período, o que, segundo eles, não justificaria a privatização.
No entanto, a Justiça tomou medidas para minimizar os impactos da greve. A juíza Raquel Gabbai de Oliveira estabeleceu multas para a não liberação das catracas nas estações de trem e determinou que a CPTM mantenha um efetivo total nos horários de pico. Além disso, o desembargador Celso Ricardo Peel Furtado de Oliveira determinou a operação integral das linhas de metrô nos horários de maior demanda.
No entanto, Eluiz Alves, presidente do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo, disse em entrevista ao Metrópoles, que deve recorrer das decisões. Segundo ele, “a greve é um direito assegurado na Constituição Federal”. “Vamos argumentar e demonstrar para o tribunal que o que a empresa pede é absurdo, e que faremos a greve com responsabilidade, garantindo o abastecimento de água para a população e o atendimento de eventuais emergências”, protestou José Faggian, do Sintaema, que representa os funcionários da Sabesp.