Guerra das milícias: prisão de Zinho muda o jogo de força no RJ; entenda

Atualizado em 26 de dezembro de 2023 às 6:44
Miliciano Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho — Foto: Reprodução

A captura de Luis Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho, um dos milicianos mais procurados do Rio de Janeiro, está transformando o panorama da guerra entre grupos paramilitares que assola a Região Metropolitana fluminense há mais de dois anos. Sua prisão abre questões sobre a redistribuição de poder e pode influenciar significativamente o equilíbrio de forças nesse conflito, segundo o Globo.

Zinho, líder da maior milícia do Rio, se entregou à Polícia Federal (PF) recentemente, em um momento em que sua quadrilha enfrentava uma fase de vulnerabilidade após a morte de seu irmão e antecessor no comando do grupo, Wellington da Silva Braga, também conhecido como Ecko, no ano de 2021.

Com a detenção de Zinho, as autoridades não descartam a possibilidade de rivais tentarem tomar o controle das áreas em disputa na Zona Oeste da capital e na Baixada Fluminense. Há especulações sobre a nomeação de um possível sucessor pelo miliciano antes de sua rendição, embora não haja consenso sobre quem possa assumir o comando dos negócios.

A prisão de Zinho é vista como uma oportunidade para obtenção de informações valiosas pelas autoridades. De acordo com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, acredita-se que o paramilitar detido possa ter conhecimento relevante: “Uma milícia como essa não se estabelece no Rio de Janeiro, dominando quase um terço do território da cidade, sem conexões poderosas. Então, o Zinho tem muito a dizer. E a gente espera que ele fale”, disse.

O líder miliciano, que estava foragido e enfrentava 12 mandados de prisão, se entregou às autoridades policiais, marcando sua apresentação no domingo, véspera de Natal. Ele foi transferido para o presídio Bangu 1, onde permanece em uma cela de seis metros quadrados, sem acesso ao banho de sol e com refeições servidas no local.

A fragilidade do poder de Zinho já estava em evidência após a morte de Ecko, pois ele não conseguiu manter a coesão da quadrilha. Isso resultou na reivindicação de áreas de influência por parte de criminosos que ocupavam cargos estratégicos na estrutura anterior, como em Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes, áreas anteriormente dominadas por Ecko. Atualmente, pelo menos cinco grupos disputam o território que antes era controlado por ele.

O miliciano Zinho. Foto: Reprodução

Além disso, para continuar cobrando taxas em certas regiões, Zinho precisou negociar com o Comando Vermelho, a maior facção do tráfico no Rio, que também busca retomar seus antigos domínios aproveitando-se da fragilidade momentânea.

A rendição de Zinho teria sido motivada por uma série de reveses, incluindo ações policiais recentes e a perda de membros-chave de sua organização criminosa. A detenção de aliados importantes, aliada à Operação Batismo da PF em conjunto com o Ministério Público do Rio, teria pressionado Zinho a se entregar.

A captura do sobrinho de Zinho, Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteus, e outras perdas significativas teriam contribuído para a fragilização do líder miliciano. As operações policiais revelaram a extensão dos crimes cometidos pela milícia, inclusive sua influência na execução de obras públicas e privadas na Zona Oeste.

O desfecho da prisão de Zinho envolveu negociações entre seus advogados de defesa, a PF e autoridades de segurança. Essa prisão sinaliza um ponto crítico para o futuro da organização criminosa, visto que nenhum dos líderes anteriores conseguiu manter sua influência de dentro da prisão.

Enquanto enfrenta múltiplos processos que podem resultar em longas penas de prisão, incluindo homicídios, organização criminosa e corrupção, Zinho é considerado uma peça-chave para desvendar a estrutura e os crimes da milícia. A preocupação das autoridades e especialistas é que sua prisão possa acirrar os conflitos na cena criminal da região, ampliando a tensão na Zona Oeste e na Baixada Fluminense.

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