Gustavo Gayer é condenado a pagar R$ 80 mil por campanha ilegal pró-Bolsonaro

Atualizado em 26 de dezembro de 2023 às 17:52
O deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO). Foto: Bruno Spada/Agência Câmara

O deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) foi condenado pela Justiça do Trabalho a pagar R$ 80 mil em danos morais coletivos por assédio eleitoral durante a campanha de 2022. A sentença, proferida pelo juiz Celismar Coelho de Figueiredo, da 7ª Vara do Trabalho de Goiânia, foi divulgada na última segunda-feira (25).

A ação civil pública, iniciada a partir de uma denúncia anônima, alegava que o parlamentar estava visitando diversas empresas para fazer campanha a favor do então candidato a presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorria contra Lula (PT) ao cargo.

O Ministério Público do Trabalho abriu uma investigação em outubro de 2022 e algumas empresas assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), comprometendo-se a não receber políticos nas suas dependências.

Gayer foi intimado, mas não compareceu, enquanto a investigação revelou que, em 20 de outubro, ele foi a uma panificadora em Goiânia pedir votos para Bolsonaro. “A empresa parece ter paralisado todas as suas atividades no setor de produção, pois não se vê ninguém executando tarefas laborativas, mas apenas ouvindo as admoestações do réu Gustavo Gayer”, disse o MPT no processo.

O juiz Figueiredo destacou que defender a campanha de Bolsonaro é um direito do deputado, mas ingressar em empresas durante o horário de trabalho para persuadir os funcionários é uma situação diferente. Ele concluiu que os trabalhadores, em condição de subordinação ao empregador, foram forçados a ouvir Gayer durante a visita que durou 40 minutos.

“Ambiente de trabalho deve ser livre de pressões externas relacionadas à orientação política, religiosa ou sexual, sendo garantida ao trabalhador e a todo cidadão a livre escolha de seus representantes políticos”, afirmou Figueiredo na sentença. A decisão pode ser objeto de recurso ao Tribunal Regional do Trabalho da 18ª região.

Relembre a campanha ilegal do bolsonarista: 

Em resposta, o bolsonarista publicou um vídeo nas redes sociais, alegando ter sido convidado pelos empresários para explicar os planos de governo dos candidatos e que o encontro não era obrigatório para os funcionários. Ele ainda chamou a procuradora do Trabalho, Janilda Guimarães de Lima, de “petista histérica” e afirmou que irá recorrer da sentença.

“É meus amigos, agora eles me pegaram, fui condenado”, disse no vídeo publicado feito para sua defesa. “Parece que não é só a democracia que é relativa, a gente também vive em uma Justiça relativa”, alegou.

Este não é o único episódio judicial envolvendo Gayer. No feriado da Consciência Negra, a Procuradoria-Geral da República propôs uma denúncia criminal contra o deputado pelo crime de racismo, após declarações controversas sobre africanos em um podcast.

Na ocasião, ele afirmou que na África “quase todos os países têm ditadores” e que a democracia não prospera no continente por falta de “capacidade cognitiva”.

“Para você ter democracia você tem de ter um mínimo de capacidade cognitiva para entender entre o bom e o ruim, entre o certo e o ruim”, declarou durante a entrevista. Ele respondia a Rodrigo Arantes, apresentador do programa, que disse que existem macacos com 90 de QI, enquanto na África as pessoas teriam uma média de 72.

Gayer disse que irá recorrer da condenação por assédio eleitoral, mas ressaltou estar disposto a pagar se necessário, alegando que suas ações foram corretas.

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