O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou a lideranças do Congresso Nacional que o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) pode ter aberto margem para operações de lavagem de dinheiro de atividades ilícitas no país. O projeto é defendido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
A Receita Federal tem investigado os indícios de lavagem de dinheiro após a explosão do custo do programa no ano passado: a expectativa era de um gasto anual de R$ 4,4 bilhões, mas o valor declarado por empresas chegou a R$ 17 bilhões.
Apurações preliminares apontam que o custo do programa pode ter chegado a R$ 30 bilhões com as possíveis fraudes, que foram detectadas pelo Fisco. Haddad ainda avalia que o Estado pode ter uma perda de R$ 100 bilhões de arrecadação em cinco anos caso o Perse seja mantido.
O Perse prevê isenção tributária temporária ao setor de eventos como uma forma de compensação das medidas sanitárias implementadas no combate à pandemia de Covid-19. O projeto é apontado por Lira como uma “conquista” e uma medida “essencial para que milhões de empregos de um setor devastado” pela crise sanitária.
Haddad vem defendendo o fim do projeto em conversas reservadas com aliados. O autor da medida, o deputado Felipe Carreras (PSB-PE), deve se reunir com o ministro nesta quarta (7) e já pediu mais informações sobre a apuração.
A campanha contra o Perse ocorre em meio a um momento de tensão entre o governo federal e o Congresso Nacional. Lira fez um discurso duro contra o Palácio do Planalto nesta segunda (5) e tem pedido a demissão de Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, responsável pela articulação política do Executivo no Legislativo.