Ibope: rejeição a Bolsonaro transforma Haddad em voto útil até para a direita. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 19 de setembro de 2018 às 13:49
Fernando Haddad, candidato presidencial do PT. Foto: Divulgação/Twitter

A mais recente pesquisa Ibope divulgada na noite dessa terça (18) passou o recibo do crescimento vertiginoso da transferência de votos do ex-presidente Lula para Haddad.

O salto triplo carpado de 8 para 19% das intenções de votos não só consolida o candidato petista no segundo turno como demonstra um fenômeno já previsto aqui por ocasião da análise dos resultados das pesquisas BTG/FSP e CNT/MDA.

Confirmada a polarização entre as candidaturas de Haddad e Bolsonaro, o petista já começa a receber votos não apenas de Lula, mas também de setores conservadores que, a despeito de seu antipetismo, entendem a tragédia de uma nova ditadura no país.

Vamos aos números.

Se compararmos os dados da atual pesquisa Ibope com a sua última divulgada em 11 de setembro, é possível perceber que à exceção de Haddad que cresceu invejáveis 11%, Bolsonaro que oscilou 2% dentro da margem de erro e Ciro que estagnou em 11%, todos os principais concorrentes tiveram quedas ou oscilações negativas. Incluindo-se aí os votos brancos e nulos.

Ainda que tenhamos que considerar a margem de erro, a soma do crescimento de Haddad com a oscilação positiva de Bolsonaro dá, numericamente, 13%.

Dentro da margem de erro, esse é praticamente o somatório do decréscimo dos demais candidatos junto com os brancos e nulos, conforme segue:

Alckmin oscilou negativamente de 9% para 7%; Marina caiu de 9% para 6%, Álvaro Dias, João Amoêdo e Henrique Meirelles, cada um, de 3% para 2%; Vera oscilou de 1% para 0%, Brancos e Nulos caíram de 19% para 14%. Todos somados, temos 14% de queda*.

Para registro, Cabo Daciolo, Guilherme Boulos, João Goulart Filho e Eymael mantiveram suas intenções de votos entre 0% e 1%. O percentual dos eleitores que não souberam ou não quiseram opinar se manteve em 7%.

Numa análise fria podemos afirmar que uma parte dos eleitores que haviam desistido de votar em função do impedimento de Lula, já encontraram em Haddad o seu substituto. Essa é a queda de 5 pontos percentuais dos votos brancos e nulos.

Sozinhos, porém, não explicam a ascensão dos 11% de Haddad. É justamente aí que se descobre para onde estão indo a grande maioria dos votos de Marina, Alckmin, Meirelles e companhia.

Como se vê, Haddad já se apresenta como o voto útil contra a maior ameaça à democracia já vista desde os idos de 64.

Tanto é que foi o único a crescer nas intenções de votos no segundo turno. Nessa verificação o petista cresceu de 36% para 40% já se encontrando em empate numérico com Bolsonaro. Todos os demais candidatos testados ou caíram ou se mantiveram rigorosamente estagnados.

Outro dado importante é que para o segundo turno, segundo o Ibope, Haddad foi o único a impedir qualquer crescimento de Bolsonaro. Em todos os outros cenários, o capitão da reserva ou cresceu ou oscilou positivamente dentro da margem de erro.

Dissecados os números, já não existem mais dúvidas, ou o Brasil adere à democracia estampada na candidatura de Fernando Haddad ou entramos definitivamente em mais uma era de escuridão.

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* O leitor mais atento já deve ter percebido que o somatório das intenções de votos divulgada pelo Ibope nessa última pesquisa totaliza 99%. Não é incomum que os resultados apresentados nesse tipo de pesquisa totalizem 99% ou 101%. Trata-se tão somente do sistema de arredondamento matemático para números não inteiros adotados pelos institutos.