Idosa presa por tráfico de armas é irmã de general da ditadura e foi parceira de Ronnie Lessa

Atualizado em 23 de março de 2022 às 8:11
Ilma Lustosa com fuzil
Ilma Lustosa com fuzil em Operação Florida Heat/ Foto: Reprodução

Ilma Lustosa, a idosa que posou com um fuzil em foto viral da Operação Florida Heat, é irmã de um militar apontado no relatório final da Comissão Nacional da Verdade como um dos responsáveis por crimes cometidos durante a ditadura, Iris Lustosa de Oliveira.

Ilma Lustosa tem 88 anos, e foi presa no último dia 15, no Rio, por tráfico internacional de armas. Segundo as investigações, ela utilizava a casa onde mora, em Vila Isabel, na Zona Norte, como entreposto das armas e da munição contrabandeadas pelo filho, João Marcelo, dos Estados Unidos.

Iris, o general da ditadura, chega a ser citado em uma conversa de Ilma com João Marcelo de Oliveira Lopes, conhecido como Careca e, segundo a Polícia Federal, chefe da quadrilha. A conversa acontece no momento em que o filho instrui a mãe a testar algumas armas. Em seguida, ele envia uma foto de Iris portando fuzis e, em tom de ironia diz que vai viralizar.

“Vou botar na internet, irmã do general Iris Lustosa!”, brinca. “Não faça isso não, Marcelo, porque o nome do Iris está sendo procurado”, pede Ilma.

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Ronnie Lessa usou idosa como escudo

Um dos clientes de Careca era Ronnie Lessa, preso pela morte de Marielle Franco. A PF afirma que Careca chefiava o esquema, que contava com sofisticadas máquinas de acabamento de peças e vendia o armamento para traficantes, milicianos e matadores de aluguel do exterior.

Em um áudio obtido pelo Fantástico, Ilma reconhece Ronnie Lessa em mensagem para o filho dois dias após a prisão do acusado, em 2019.

Ilma: “Marcelo, esse Ronnie Lessa foi o que esteve aqui em casa, que me pegou pelo pescoço e me botou na frente dele pra sair aqui de casa, não foi? Agora que eu tô conhecendo ele”.

Depois de ter ouvido o áudio, Careca confirmou a identidade do homem e pediu para a mãe apagar a mensagem. Ela, na verdade, respondeu com outra gravação, e eles seguiram a conversa:

Ilma: “Ah, meu filho, quando é que você vem aqui? Dá um jeito de vir…

Careca: Não, agora quem não quer ir aí sou eu, mãe. Depois dessa bomba aí… Não vou agora, não. (…) O lugar que eu menos quero ir agora é aí.”

Careca foi monitorado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por mais de dois anos, em parceria com um departamento da polícia americana que apura crimes transnacionais. Ele tinha dois comparsas nos Estados Unidos: Teodoro Giovan e Tássio, que são irmãos.

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