Indígena bolsonarista preso por incitar golpe é financiado por fazendeiro de MT

Atualizado em 13 de dezembro de 2022 às 14:07
O fazendeiro Dide Pimenta e o “cacique bolsonarista” José Acácio Serere Xavante, preso pela PF
Foto: Reprodução/Montagm/Instagram

Na noite desta segunda-feira (12), o pastor bolsonarista e indígena José Acácio Serere Xavante (Patriotas), conhecido como Cacique Tserere, foi preso pela Polícia Federal (PF, por ordem do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes.

Acusado de condutas ilícitas em atos golpistas, ele estava sendo financiado pelo fazendeiro paulista Mauridis Parreira Pimenta, mais conhecido como Dide Pimenta, que vive em Araçatuba (SP), mas tem propriedade em Campinápolis, no interior de Mato Grosso. O cacique percorreu cerca de 500 quilômetros de Campinápolis até Brasília, no Distrito Federal, com o patrocínio do ruralista, que explora terras na região.

Para conseguir chegar e se manter por cerca de 10 dias na capital federal, o indígena teria sido financiado por Dide, que fez um vídeo tentando explicar a ação e ainda pediu mais ajuda financeira para continuar pagando as manifestações golpistas. Na gravação, o fazendeiro afirma que foi procurado pelo cacique porque “queria ajudar na manifestação”.

O fazendeiro conta que, junto de um grupo de amigos bolsonaristas, enviou os indígenas em “oito ônibus de índios” e neste domingo (11) mandou “outras etnias” a Brasília para impulsionar as manifestações. Agora, ao contrário do que foi demonstrado nos últimos dias, o ruralista e os “amigos bolsonaristas” se encontram com “dificuldades de manter os índios”.

Dide ainda avisa que está aceitando quaisquer valores de R$ 30 a R$ 500 e que “podem passar um PIX para a conta direta do Tserere ou passar para a dele”.

“Estamos empenhado nessa luta junto com Tserere e Xavantes para manter nossa democracia e nosso capitão no governo”, encerra o ruralista.

A prisão do Xavante foi solicitada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo prazo de dez dias para garantir a ordem pública. O bolsonarista gravou um vídeo na Superintendência da Polícia Federal, onde está preso, e pediu o fim da “briga com a autoridade policial” nas ruas da capital federal.

A prisão do aliado de Bolsonaro foi o estopim dos ataques terroristas que tomaram Brasília na noite desta segunda-feira (12), no mesmo dia da diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice-presidente eleito e chefe da transição Geraldo Alckmin (PSB).

A propriedade onde está demarcada a Terra Indígena Parabubure, onde vive parte da população Xavante e a família do cacique, é localizada em Campinápolis, onde fica a propriedade de Dide. Aproximadamente, vivem 27 mil indígenas na região, distribuídos em cerca de nove terras.

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