Intervenção: Marqueteiro que aconselha Temer é dono de empresa condenada pela Justiça Eleitoral. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 20 de fevereiro de 2018 às 19:48
Lavareda e Temer

O marqueteiro com quem Michel Temer se reuniu domingo supostamente para debater a intervenção federal no Rio de Janeiro é um empresário que tem contas a ajustar com a Justiça eleitoral.

Antonio Lavareda, cientista político que se especializou em marketing político e análise de pesquisas, controla a Inteligência XXI, empresa condenada em agosto do ano passado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, por doação eleitoral ilegal.

Inteligência XXI está registrada na Junta Comercial de São Paulo com capital de 50 milhões de reais, em nome de Lavareda, de Enoque Gomes Cavalcante e do Instituto de Pesquisas Sociais, Política e Econômicas (Ipespe).

O instituto é a organização com a qual Lavareda se apresenta para fazer suas análises de pesquisas.

A Inteligência XXI doou 150 mil reais para o PMDB de Pernambuco. Os recursos teriam ido para a campanha de Jarbas Vasconcelos à Câmara dos Deputados em 2014.

A Inteligência não teve faturamento em 2013, razão pela qual não poderia fazer doação, já que a legislação da época admitia que as empresas poderiam contribuir com até 2% do faturamento do ano anterior.

Como não faturou oficialmente nenhum centavo em 2013, não poderia doar nada em 2014. Mas a contabilidade do PMDB de Pernambuco registrou o recebimento de R$ 150 mil da Inteligência.

Por conta disso, a empresa foi condenada a pagar multa no valor correspondente a 5 vezes o montante considerado irregular. Portanto, a empresa de Lavareda deve R$ 750 mil à Justiça eleitoral.

A empresa já tinha sido condenada em primeira instância quando o ministro Gilmar Mendes nomeou seu proprietário, Lavareda, para o Conselho de Pesquisas e Estudos Eleitorais (CPEE) do Tribunal Superior Eleitoral, criado por ele.

O Conselho tem oito atribuições, entre as quais “desenvolver pesquisas destinadas ao conhecimento, avaliação e atualização da função jurisdicional eleitoral e da realização de eleições” e “opinar sobre as matérias que lhe sejam submetidas pela Presidência”.

Além de Lavareda, doze pessoas participam do conselho, entre eles Luiz Felipe D’Ávila, pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Bolívar Lamounier e Everardo de Almeida Maciel, que foi chefe da Receita Federal no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Foi no governo de Fernando Henrique Cardoso que Lavareda ficou famoso por suas pesquisas. Ele costumava sugerir ações para melhorar a popularidade do então presidente.

Lavareda foi procurado pela imprensa para falar sobre o tema que tratou com Michel Temer dois dias depois da decretação da intervenção federal no Rio de Janeiro, no encontro de domingo no Palácio do Alvorada.

“Quando você recebe um pedido de um amigo para fazer-lhe uma gentileza, é absolutamente indelicado falar a respeito à imprensa”, disse à jornalista Andrea Sadi, da Globo.

Um amigo de Lavareda, o marqueteiro Elsinho Mouco, que o levou para a reunião, confirmou que falaram sobre a intervenção , mas não disse se Temer participou da conversa.

No Alvorada, segundo ele, foram tomar um café.

 

A condenação da empresa de Lavareda

 

A empresa condenada pertence à Lavareda
A portaria que nomeia Lavareda conselheiro do TSE