IPCA-15: prévia da inflação volta desacelerar e fica abaixo da previsão do mercado

Atualizado em 26 de abril de 2024 às 10:30
Cédulas e moedas de Real. (Foto: Reprodução)

O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação mensal, apresentou uma desaceleração em abril, com uma variação de 0,21%, abaixo da estimativa do mercado, que estava em torno de 0,3%.

Essa taxa é 0,15 ponto percentual menor que a de março e 0,36 ponto percentual inferior ao mesmo período do ano passado, que registrou 0,57%. A variação do indicador em 12 meses até abril foi de 3,77%, uma queda em relação aos 4,14% observados no mês anterior, apontando para uma tendência de redução da inflação.

O que dizem os especialistas

Segundo André Braz, coordenador dos Índices de Preços da FGV Ibre, apesar do resultado positivo, o cenário ainda exige cautela devido a incertezas no mercado internacional, especialmente em relação ao preço do petróleo e aos impactos de conflitos como a guerra entre Rússia e Ucrânia.

“O preço de barril do petróleo está se consolidando nesse novo patamar acima de US$ 80 e isso cria uma pressão sobre aumentos domésticos. Temos um ambiente de guerra que ainda pode impactar o preço de commodities, guerras novas e guerras antigas, porque Rússia e Ucrânia estão no radar e o comércio da produção agrícola deles lá começa a dar problema de novo e isso começa a afetar a oferta global de soja e de milho”, afirmou.

Ele também destaca problemas climáticos que podem afetar a produção agrícola, e a persistência inflacionária nos EUA, que obriga o Federal Reserve a manter taxas de juros elevadas.

“Temos problemas climáticos, promovendo revisões de safra para grandes produtores grãos, como Estados Unidos e Argentina. Além da persistência inflacionária nos Estados Unidos, que obriga o Fed a manter juros mais elevados por lá, o que afeta o ritmo de corte de juros aqui e tem efeitos sobre o câmbio”, disse.

“Temos um ambiente fiscal aqui no Brasil, com revisão da meta fiscal e incerteza no horizonte. De certa forma o IPCA-15 é um alívio, mas a gente tem um ambiente de riscos aí ainda bem considerável e isso pode, enfim, nos forçar a fazer revisões tempestivas daqui para frente”.

Grupos de destaque

Um dos principais grupos que impactaram o IPCA-15 foi o de Alimentação e Bebidas, que teve alta de 0,61%. Braz ressalta que a elevação foi impulsionada por alimentos in natura, como tomate e cebola, que tendem a ter variações mais rápidas do que alimentos industrializados. Além disso, o setor de serviços teve uma queda significativa, com preços estáveis para refeições fora de casa. O especialista ainda destaca que essa estabilidade em um importante serviço alimenta um certo otimismo, mas ressalta que ainda há muitos desafios pela frente.

“Os alimentos industrializados quando sobem de preço são mais persistentes. Uma notícia importante é que o serviço cedeu porque a refeição fora de casa é um serviço importante e praticamente não subiu de preço nessa estatística do IPCA 15 de abril. Tem números positivos nessa divulgação, que gera algum otimismo, mas a gente também tem muitos desafios à frente. Então, eu diria que o momento ainda é de cautela”.

Transportes

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, Transportes foi o único a registrar queda, com recuo de 0,49%. Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, vê o resultado como um bom sinal para o Banco Central, sugerindo que a tendência de desaceleração da inflação pode abrir caminho para continuidade do corte de juros. Ele espera um corte de 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom, marcada para o início de maio.

Edifício do Banco Central. (Foto: Reprodução)

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