Agora dá um passo além: diz que o PSD pode apoiar o impeachment do mandatário, a depender dos desdobramentos dos atos golpistas desse 7 de setembro.
À Miriam Leitão, do Globo, o ex-prefeito de São Paulo justificou que considera inadmissível que, no meio de uma pandemia, o presidente gaste seu tempo, o de ministros e assessores, e recursos públicos participando de motociatas e ameaçando a democracia, mais de 30 anos depois da promulgação da Constituição Federal.
A justificativa é para consumo público.
O que está por trás é outra coisa: o PSD precisa fazer bancada em 2022 e a proximidade com o mandatário é um impedimento e tanto para o sucesso da empreitada.
Kassab quer, na realidade, empurrar Bolsonaro para a extrema-direita, com os zumbis que o acompanham, e manter o predomínio junto aos eleitores moderados, e nisso aceita inclusive uma aproximação com o ex-presidente Lula – basta observar como vem se comportando Delfim Neto, o decano da direita brasileira.
Kassab tem a convicção de que Bolsonaro sequer estará no 2o turno em 2022, dado seu isolamento e vertiginosa queda de popularidade.
Assim, qual o interesse em se manter ao lado do radioativo?
Como contraponto ao radicalismo do clã, o dirigente partidário tenta convencer Rodrigo Pacheco a assumir a candidattura do PSD à presidência em 2022.
Moderado, bom articulador, o presidente do Senado é palatável ao público que Kassab quer alcançar: as viúvas da velha direita que se uniram ao genocida em 2018 por falta de opção.
Se conseguir convencer Pacheco a encarar a disputa, a Kassab não restará outra alternativa que não seja tirar Bolsonaro da frente – no pacote está também herdar zumbis que vão ficar órfãos.
Consertando relógio com luva de boxe
É bom Bolsonaro colocar as barbas de molho.
Kassab é a típica liderança que foi bem denifida pelo velho Ulysses Guimarães: é capaz de consertar relógio com luva de boxe – e no escuro.
Jose Cassio
JC é jornalista com formação política pela Escola de Governo de São Paulo