Nestes dias de Brasil vejo muita coisa bizarra.
Mas nada tão bizarro quanto o caso do cartunista Laerte, subitamente transformado em Sônia, uma senhora de meia idade que pouca gente gostaria de ter como tia.
Numa zapeada, vejo Marília Gabriela entrevistando-o. Fiel a seu estilo agressivamente louvador, como taxa zero de confronto, ela consegue dizer que Laerte está com uma aparência muito boa.
Quem acredita nisso, acredita em tudo, como disse Wellington.
Existem duas hipóteses para o caso de Laerte. Uma é que tudo seja genuíno. Ele decidiu, mesmo, ser mulher na meia idade. Ou simplesmente travesti. A outra é que seja marketing. Sua boa obra como cartunista, isto é fato, nunca lhe deu tanto espaço na mídia como sua maquiagem de agora.
Só o Sombra sabe o que se esconde no coração dos homens, como aparecia escrito na apresentação do herói das histórias em quadrinhos Sombra.
Mas.
Qualquer que seja a verdade, é um espetáculo depressivo. Não pela eventual opção sexual envolvida no caso. Cada qual pode e deve buscar o prazer onde queira. Mas pela histeria com que a história é apresentada, pelo excesso de luzes, pela orgia de holofotes.
Parece circo.
Se Laerte decidiu mesmo ser mulher, deveria cultivar a virtude se não do recato, que pode soar muito careta para um artista, da discrição.
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