“Lamento, mas acontece todo dia”: como Damares “cuidava” dos Yanomami

Atualizado em 22 de janeiro de 2023 às 19:13
Damares Alves

A última vez que a ex-ministra da Mulher dos Direitos Humanos (e eu queria frisar Direitos Humanos) Damares Alves se manifestou sobre o povo Yanomami foi em maio passado.

Ela falou o seguinte: 

“Esse caso traz a questão do garimpo, mas quero lembrar que os garimpos estão em terras indígenas há mais de 70 anos, de forma irregular, e são muitas as violências. Esse caso dessa menina causou essa repercussão toda, e isso é muito bom porque a gente ainda vai conversar sobre violência sexual contra crianças indígenas. A gente não pode ser pautada por um só caso. Lamento, mas acontece todo dia”.

Eu queria frisar esse fatalismo: “Acontece todo dia”.

Damares se referia ao assassinato e estupro de menina de 12 anos por garimpeiros na região de Waikás, em Roraima, em maio de 2022.

O cenário, hoje, é tão crítico na terra indígena que o Ministério da Saúde decretou estado de emergência para combater a falta de assistência sanitária na região. 

“Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinha pessoas sendo tratadas de forma desumana, como vi o povo yanomami ser tratado aqui, eu não acreditaria”, disse o presidente Lula.

Damares viu as fotos das crianças famélicas? Viu as imagens do genocídio? Onde estava o Deus de Damares nessa história? Primo Levi, discorrendo sobre Auschwitz, disse que aquela pessoas haviam sido “tragadas pela noite”.

Mergulhamos numa noite de quatro anos. Damares ficou num sono induzido no governo Bolsonaro, intercalado com mentiras tiradas do QAnon e da deep web.

Que viva o pesadelo eterno dos iníquos. “Acontece todo dia”.