Lavrov diz que “Ocidente deve parar de fornecer armas à Ucrânia” e que Lula pode mediar a paz

Atualizado em 21 de fevereiro de 2024 às 9:13
O chanceler russo, Sergei Lavrov. – Reprodução

Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, expressou o desejo do país de fortalecer sua relação com o Brasil e com o Brics. Além disso, o chanceler russo destacou o apoio do governo de Putin à proposta feita pelo governo brasileiro em 2023 de criar um grupo de amigos para mediar a paz no conflito envolvendo a Ucrânia. Segundo o diplomata, para que o conflito chegue ao fim, “o Ocidente deve parar de armar a Ucrânia”. As declarações de Lavrov foram realizadas nesta semana, durante entrevista ao Globo:

(…) O Brasil e a Rússia são parceiros no âmbito do Brics, um grupo que foi ampliado para admitir novos países, como o Irã. Qual é a importância do Brics para a Rússia na sua política externa e na sua visão da geopolítica global? Os países do Brics são os principais aliados da Rússia atualmente?

O fortalecimento do potencial e do papel do Brics nos assuntos mundiais é a nossa prioridade. No Brics, os países que representam diferentes sistemas econômicos e políticos, religiões e macrorregiões trabalham juntos em pé de igualdade. Seu prestígio internacional vem crescendo de forma constante. A admissão dos cinco novos países como membros a partir de 1º de janeiro deste ano é uma prova disso. O Brics é um dos pilares do mundo multipolar.

A partir de 1º de janeiro de 2024, a Rússia assume a presidência rotativa do Brics. O programa para 2024 inclui mais de 200 eventos. Iremos contribuir para que os novos membros se integrem aos trabalhos do bloco de forma orgânica.

Dois anos se passaram desde o início da operação militar especial (como a Rússia se refere à guerra). Atualmente, estão sendo travadas discussões sobre o fim do conflito, mas qual é, neste momento, o objetivo final da operação na Ucrânia?

As metas e os objetivos da operação militar especial foram definidos pelo presidente Vladimir Putin. Eles são os seguintes: a desmilitarização e a desnazificação da Ucrânia, a eliminação das ameaças à segurança da Rússia que emanam do seu território.

Para uma solução sustentável e justa da crise ucraniana, as suas causas principais devem ser eliminadas. O Ocidente deve parar de encher a Ucrânia de armas, e o regime de Kiev deve parar com as hostilidades. A Ucrânia deve readotar o seu status neutro, de não alinhamento e não nuclear, e respeitar os direitos e as liberdades dos seus cidadãos, bem como reconhecer as novas realidades territoriais e a situação “no terreno”.

Nem Kiev nem o Ocidente demonstram a vontade política para a resolução do conflito. Não temos escolha: a operação militar especial continuará até que seus objetivos sejam alcançados.

O presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert/ PR

Respeitando as suas tradições diplomáticas, o Brasil condenou a invasão da Ucrânia, bem como as sanções contra a Rússia e o envio de armas a Kiev por países como os Estados Unidos. Celso Amorim, assessor especial para Assuntos Internacionais do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reuniu-se com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou, e com Volodymyr Zelensky em Kiev. Como o senhor avalia o papel do Brasil no conflito? O Brasil pode ser um eventual mediador ou facilitador nas negociações, pois está em contato com ambos os lados?

Valorizamos a disponibilidade do Brasil em promover a busca de uma solução por meios políticos e diplomáticos. Em abril de 2023, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, propôs a criação de um “grupo de amigos para mediar a paz”. Analisamos com muita atenção a iniciativa dos nossos amigos brasileiros.

A Rússia está aberta à busca de uma solução pacífica para o conflito. No entanto, os nossos oponentes em Kiev e no Ocidente estão empenhados em promover a “fórmula” de Volodymyr Zelensky, que representa um ultimato inaceitável para a Rússia, e rejeitam categoricamente outras iniciativas, inclusive a brasileira. Para começar, Kiev terá que suspender a proibição de diálogo com Moscou, que ela impôs a si mesma. (…)

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