Lira assinalou que Bolsonaro podia subir ainda mais o tom. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 14 de agosto de 2021 às 13:34
Arthur Lira e Jair Bolsonaro. Foto: Divulgação/Presidência da República

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Por Luis Felipe Miguel

Quando houve a eleição para a presidência da Câmara, a polêmica na esquerda era se devia apoiar Baleia Rossi, o candidato de Rodrigo Maia, ou lançar uma candidatura própria, para marcar posição.

Havia argumentos razoáveis de lado a lado. Um deles era que Rossi e Lira seriam a mesma coisa. Nenhum deles levaria adiante o impeachment e ambos se alinhavam às reformas destrutivas de Guedes.

Hoje está claro que não é assim. Talvez Rossi não colocasse mesmo em pauta o impeachment. Mas é provável que Bolsonaro estivesse um pouco menos descomedido: foi a vitória de seu candidato Lira que assinalou que ele podia subir ainda mais o tom, sem qualquer preocupação.

E a velocidade da destruição do Estado brasileiro e dos direitos afirmados no pacto constitucional de 1988, sob Lira, não tem precedentes.

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Lira e os projetos

Enquanto comemoramos vitórias sobre factoides como voto impresso e distritão, a boiada está passando. A reforma regimental de Lira reduziu a possibilidade de expressão da oposição e garante que os retrocessos sejam aprovados a toque de caixa, sem qualquer interlocução com a sociedade.

A cada semana, a lista de medidas a serem desfeitas por um eventual governo democrático aumenta.

Não creio que a posição da esquerda, que acabou chegando dividida à votação, tenho sido decisiva para a derrota de Rossi. Mas vale aprender a lição. Marcar posição numa eleição interna da Câmara não fez a luta popular avançar um centímetro. Já evitar a vitória do mal maior teria feito bastante diferença.