Deputado bolsonarista arrependido revela o preço da eleição de Lira

Atualizado em 20 de novembro de 2021 às 9:04
Segundo o deputado, para eleger Lira foram pagos R$ 10 milhões a cada parlamentar
Delegado Waldir, deputado federal e bolsonarista arrependido. Foto: Agência Câmara

Parlamentares receberam R$ 10 milhões para votar em Arthur Lira para a presidência da Câmara dos Deputados. É o que diz o deputado Waldir Soares de Oliveira, o Delegado Waldir, do PSL. Os valores teriam sido pagos por meio do Orçamento Secreto. O alagoano recebeu 302 votos já no primeiro turno da votação.

Bolsonarista de primeira hora, Waldir é o deputado federal mais votado em Goiás em 2018. Ele diz ter recebido o valor em troca do voto em Lira, mas cita que o pagamento pode ter sido maior. Conta que, à época, ofereceram outros R$ 10 milhões, mas não soube precisar se tinha relação com a eleição de Lira ou a aprovação de algum outro projeto.

O esquema de Arthur Lira e Jair Bolsonaro já movimentou R$ 18,5 bilhões em 2021 e os nomes dos parlamentares são mantidos em sigilo pela Câmara. Waldir diz que a compra de votos dos parlamentares ocorre apenas em propostas que são “superimportantes para o governo”. “Não é qualquer PEC”, disse ao Intercept Brasil.

Segundo o deputado, Vitor Hugo, também do PSL de Goiás, recebeu R$ 300 milhões em emendas do relator. Waldir diz que o parlamentar não permitiu que ele recebesse nenhuma emenda das negociações. “O Vitor Hugo proibiu. Ele era líder do governo, depois se tornou líder do PSL e proibiu que eu recebesse”, relata.

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Além da eleição de Lira, reforma da Previdência também foi comprada

Apesar de o Orçamento Secreto ser uma novidade, a troca de votos por emendas não é. Segundo Waldir, em 2019, cada parlamentar teria direito a R$ 20 milhões do governo se votassem a favor da reforma da Previdência. Por ser líder do PSL, o deputado teria direito ao dobro.

Na época, entretanto, não existiam as emendas do relator e os valores seriam pagos por meio de verbas de uso discricionário. Apesar das promessas, Waldir conta não ter recebido os milhões negociados. A verba teria sido bloqueada após racha no PSL, em outubro daquele ano.

O deputado conta que dentro do esquema existe um esquema paralelo entre líderes:

“Se eu sou líder, tenho o dobro de valor do que tem os demais. Você tem o controle de toda a bancada, tem parlamentar que não quer emenda e daí você pega e coloca no seu. Tem muito líder que é malandro, que em vez de dividir com todos os parlamentares da bancada, pega tudo para ele. Ele já tem direito ao dobro, mas além de ter o dobro, ele tem 10 vezes mais, 20 vezes mais”.

Quem é Delegado Waldir

O deputado ficou conhecido em 2019, quando teve um áudio seu vazado. Em outubro daquele ano, prometeu “implodir” Bolsonaro em reunião interna do PSL.

“Eu vou implodir o presidente. Aí eu mostro a gravação dele, eu tenho a gravação. Não tem conversa, não tem conversa, eu implodo o presidente. Acabou, acabou, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo. Eu andei no sol em mais de 246 cidades para defender o nome desse vagabundo”, afirmou na ocasião.

A revelação da ameaça causou racha no PSL e ele acabou sendo destituído da liderança do partido. Segundo o deputado, a gravação foi vazada por Daniel Silveira.

 

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