Globo, brasileiros gordos e voto impresso: Como foi a live de Bolsonaro após arrego

Atualizado em 9 de setembro de 2021 às 20:57
Bolsonaro
Bolsonaro falou muitos assuntos na live – Foto: Reprodução/YouTube

Bolsonaro fez uma live na noite desta quinta-feira (9) e falou de diversos assuntos. Ele atacou a Globo e elogiou a Jovem Pan. Depois acusou os brasileiros de “engordarem” para justificar a inflação em alta. Voltou a defender o voto impresso. Criticou Rodrigo Maia e João Dória. E ainda explicou sobre seu comunicado.

Bolsonaro x Globo

O chefe do Executivo demonstrou insatisfação pela cobertura da Globo sobre os atos antidemocráticos. Ele se mostrou satisfeito com o trabalho da rádio Jovem Pan.

“Eu queria que a Globo fosse realmente uma imprensa que cada vez mais tivesse pessoas assistindo por acreditar nela, por ver que ela fala a verdade. E não é bem assim. Olha a Jovem Pan, a diferença enorme”, declarou o governante brasileiro.

Ele aproveitou para elogiar o programa Pingo nos Is. “Não tô elogiando o Augusto Nunes, apenas estou falando a verdade sobre ele. Dá prazer [assistir]. Quando eu vou pra casa aqui, eu coloco o Pingo nos Is no telefone e vou assistindo e ouvindo até em casa. Tem duas horas de média e eu escuto meia hora, porque não dá pra escutar tudo. Me informo por ali, que prazer. Diferentemente da Globo, que eu gostaria que fosse diferente”, acrescentou.

Bolsonaro ainda declarou que o Jornal Nacional vive cobrando o governo dele por vacinação para todos os brasileiros. “Vacina? Bonner, o país tá vacinado, irmão. Nós somos o terceiro país que, proporcionalmente mais vacinou. Passamos os Estados Unidos”, completou.

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Bolsonaro zomba de lema

O presidente Bolsonaro prosseguiu recuando em relação aos ataques que promoveu contra o STF. Na live, ele falou que “alguns se irritam” com a nova posição dele. O chefe do Executivo também voltou a falar do voto impresso.

“Eu sempre disse que iria jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Alguns se irritam, querem que eu saia fechando instituições, que isso e que aquilo. Até pouco tempo atrás a população se irritava com as votações da Câmara e do Senado”, declarou o governante.

Apesar de ter recuado, voltou a falar do voto impresso. “A gente precisa no Brasil é dessa fotografia pra mostrar, olha o que o povo tá querendo. Qual deputado, qual senador é contra isso? Qual chefe do executivo? Até do Supremo Tribunal Federal. Muito dos que participam querem reação imediata do presidente. “Eu autorizo”. Eu não vou sair das quatro linhas”, completou.

Bolsonaro e os brasileiros gordos

Bolsonaro assumiu que a inflação no Brasil está descontrolada. Segundo o presidente, isso é culpa do aumento de pessoas que passaram “a comer mais”. Ele declarou que a população ficou mais gorda na pandemia e por isso os preços cresceram.

“O mundo passou a consumir mais, está mais em casa. Aí vocês falam, ‘o cara passou fome’, sim, alguns passam fome. Mas a média passou a comer mais. Todo mundo comeu mais e engordou na pandemia. A inflação é em função disso”, declarou o chefe do Executivo.

Durante a fala, ele chegou a dizer que “a imprensa iria zombar dele” por causa disso. Também perguntou aos funcionários se eles engordaram na pandemia e fez piadas com o peso de cada um.

Bolsonaro justifica recuo contra STF

Ele explicou o motivo de ter recuado após atacar o STF. Ele confirmou que ligou para o ex-presidente Michel Temer e disse que está pronto para conversar com a Corte. No fim, comentou que quer “fazer a coisa certa”.

“Queria que eu respondesse o Fux, que fez uma nota dura, também o Lira, o Aras. Vieram até me falar, ‘tem que reagir, tem que bater’ e eu falei, deixa pra live amanhã. Temos que dar o exemplo, deixa pra acalmar um pouquinho. Eu telefonei pro ex-presidente Michel Temer, ele veio à Brasília, conversamos e ele colaborou com algumas da nota, nós concordamos e eu publiquei”, comentou o presidente.

Ele leu o comunicado que divulgou hoje e tentou amenizar o clima. “Não tem nada demais ali, eu tô pronto pra conversar. Por mais que eu tenho problema com o Lira, com o Fux, com o Barroso do TSE, que hoje me deu um cacete, depois vou conversar com o Barroso. Todo mundo quer transparência, Barroso, todo mundo quer transparência”, relatou.

“Conversei com muita gente hoje, chefes de poderes, não vou falar o nome de todos. A gente tomar pé do que está acontecendo pra fazer a coisa certa. Eu quero fazer a coisa certa. E o humor que mudou, muitos estão fazendo a mesma coisa, batendo em mim”, concluiu.

Voto impresso

O presidente Bolsonaro voltou a defender o voto impresso. O posicionamento dele aconteceu no mesmo dia em que recuou após atacar o STF. Ele questionou qual o problema de defender este tipo de sistema eleitoral.

“Como ele desconfia das urnas se ele foi eleito? Eu acredito que eu tive muito mais do que os 57 milhões de votos que eu tive. Não vou discutir o assunto de novo, já mostrei na outra live”, iniciou.

Porém, ele não aguentou e decidiu defender novamente o voto impresso. O presidente questionou o motivo de Barroso querer aperfeiçoar o sistema eleitoral. E deixou claro que há chance de fraude nas eleições, mas sem apresentar provas.

“E hoje vi uma matéria do ministro Barroso dizendo que está aperfeiçoando o sistema eleitoral, se tá aperfeiçoando é porque tinha brecha. Se vai aperfeiçoar é porque tem brecha, elas são penetráveis, ministro Barroso”, comentou.

“E não é justo desmonetizar páginas que estão pedindo o voto impresso. Pode ser que a votação seja perfeita, pode ser. Mas enquanto tiver gente desconfiando… Qual o problema disso? Isso é trabalhar contra a democracia?”, concluiu Bolsonaro.

Bolsonaro x Dória e Rodrigo Maia

Bolsonaro atacou Rodrigo Maia na live desta quinta. Ele insinuou que o ex-presidente da Câmara passou a defender a causa LGBTQIA+ após se aproximar de Dória. Zombando, afirmou que o deputado licenciado quer “agradar seu patrão”.

“Rodrigo Maia me acusou de gay, mas ele falando e um jegue relinxando é a mesma coisa pra mim. Olha os argumentos dele, eu sou militar, tenho vergonha de sair do armário. Mas veja a coincidência, né? Foi trabalhar com o Dória e se interessou pela pauta LGBT, ele quer agradar seu patrão”, disparou.

O presidente não parou por aí. Ele disse que “ser gay não é crime”. Porém, declarou que era contra o “kit gay”, uma invenção bolsonarista para atacar a esquerda. Vale ressaltar que Bolsonaro e Maia se tornaram inimigos no ano passado.

“Rodrigo Maia, ser gay não é crime. Não vou te acusar porque não é crime. Nós sempre fomos contra aquele negócio de kit gay, que foi criado em 2010”, completou o chefe do Executivo.

Bolsonaro e o debate

Após fugir em 2018, Bolsonaro falou sobre os debates de 2022. Caso não seja cassado ou sofra o impeachment até lá, ele poderá participar. O presidente afirmou que não tem gente nova no páreo. Inclusive, aproveitou para alfinetar João Dória, governador de São Paulo.

“Não vejo gente nova aí. Tem o Ciro, o Haddad, que é reserva do Lula, o próprio Lula, agora a terceira via, do cara que entrou no Supremo pra barrar a MP da liberdade de expressão. Se ele [Dória] for candidato, como vai explicar isso no debate?”, declarou o chefe do Executivo.

A frase é surpreendente. Isto porque Bolsonaro fugiu dos debates presidenciais em 2018 durante todo o segundo turno. Ele usou a argumentação da facada, apesar de ter participado de eventos na campanha. A decisão de não enfrentar Haddad é pelo fato do péssimo desempenho que teve nos debates de primeiro turno.

Vale destacar que João Dória tenta se colocar como uma opção da terceira via. Ele pode ser o candidato do PSDB. Ciro Gomes e Lula também já manifestaram que possuem interesse em disputarem às eleições de 2022. O mesmo vale para João Amôedo e o atual presidente.

Assista a live abaixo: