López Obrador mostra sede de inclusão social na América Latina. Por Kennedy Alencar

Atualizado em 2 de julho de 2018 às 23:19

Publicado originalmente no blog do autor

POR KENNEDY ALENCAR

López Obrador. Foto: Wikimedia Commons

A eleição de Andrés Manuel López Obrador para presidir o México equivale politicamente à chegada de Lula ao poder no Brasil em 2002. É a primeira vez que a esquerda governará o maior país de língua espanhola do mundo.

O resultado mostra que a agenda da inclusão social ainda é o maior desafio da América Latina e que administrações focadas apenas numa estabilização da macroeconomia sem olhar para os mais pobres podem ter sucesso eleitoral efêmero no século 21.

Os governos Temer e Macri (Argentina) são exemplos de propostas de condução ortodoxa da economia que, ao deixar a questão social em segundo plano, acabaram por gerar crises políticas e perder apoio popular.

Ex-prefeito da Cidade do México, López Obrador foi eleito depois de naufragar em 2006 e 2012 _outra semelhança com Lula, que chegou ao poder após três derrotas consecutivas.

O desafio da esquerda latino-americana é combinar a gestão responsável da economia, sobretudo no aspecto fiscal, com políticas públicas que diminuam a desigualdade e ajudem os países a crescer a taxas mais significativas para o resgaste de dívidas sociais centenárias. Isso vale para o México e vale também para o Brasil _as duas maiores economias da América Latina.

Um bom começo seria enfrentar a desigualdade social dando a ela o mesmo status do combate à corrupção. Na campanha mexicana, López Obrador fez tal promessa. No Brasil, os atuais candidatos poderiam tentar trilhar o mesmo caminho. Aqui, os presidenciáveis ainda poderiam tentar diminuir o poder das corporações que sequestraram nacos gordos do orçamento público.