Lula, a pedra que os pedreiros rejeitaram

Atualizado em 2 de outubro de 2022 às 9:33
O ex-presidente Lula

Em entrevista concedida ao DCM TV, o advogado Luiz Eduardo Greenhalg disse que Lula, enquanto preso pela decisão de Sergio Moro, pediu a ele que analisasse seus processos do ponto de vista político. Encarcerado na Polícia Federal curitibana, o ex-presidente dizia que ele era um preso político e que somente a política o daria a liberdade.

O sociólogo Rudá Ricci, em várias de suas participações no mesmo DCM TV, disse que, à despeito dos esforços empreendidos pela equipe jurídica do ex-presidente, a prisão do idealizador do Partido dos Trabalhadores era política e apenas ela poderia tirá-lo de lá.

Ou seja, quando o mundo político quer, ou precisa, o mundo júridico encontra uma solução para adequar-se: foi assim com o golpe de 2016, quando o establishment queria depor Dilma Rousseff e foi assim com os processos de Lula, quando Fachin acatou o cancelamento dos feitos em razão da incompetência territorial da 13ª Vara Federal de Curitiba (argumento que já havia sido levantado pela defesa desde suas primeiras manifestações, diga-se).

Naquela altura, em março de 2021, Jair Bolsonaro já havia se mostrado catastrófico na gestão da pandemia, o instinto de proteção de seu clã já estava evidenciado à despeito das instituições e sua equipe já havia se mostrado como ela realmente é, com a exibição do vídeo da reunião ministerial na qual Ricardo Salles fala sobre “passar a boiada”, Paulo Guedes disse que teríamos que “aguentar “ a China e Weintraub pedia a prisão dos ministros do STF.

Naquele mesmo mês, a pesquisa XP mostrava que só havia um nome com força suficiente para enfrentar eleitoralmente Jair Bolsonaro. Uma dica sobre qual é: um ano antes, a jornalista Vera Magalhães, uma das tantas porta-vozes do neoliberalismo na mídia, havia dito que esse personagem era um “espantalho político” e que emulá-lo “é tudo que Bolsonaro quer para cortina de fumaça dos seus erros”.

Visto com os olhos de hoje, isso parece ter acontecido há muitos anos, mas estamos falando de um período inferior a 3 anos. Estava claro para quem quisesse ver que apenas Lula seria capaz de impedir Jair Bolsonaro de obter um segundo mandato que teria potencial para ser letal à democracia e às instituições.

Setores do mundo político cientes da importância vital da democracia viram e movimentaram-se para tentar salvá-la.

Nessa hora pode-se apelar às mais diversas metáforas para explicar o que aconteceu. Lula, afeito a comparações futebolísticas, poderia resgatar esse histórico e compará-lo com uma saborosa vitória de virada contra um adversário beneficiado pela arbitragem, mas considerando o caráter épico do momento que o país vive, uma citação bíblica traduz melhor: invocando as Sagradas Escrituras da fé cristã, chega-se a Mateus 21, versículo 42: “A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular.”

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