Lula quer tirar Abin do alcance de militares; Inteligência deve ser vinculada à Presidência

Atualizado em 24 de janeiro de 2023 às 13:59
O presidente Lula (PT) e o diretor-chefe do GSI, o general Gonçalves Dias, o G.Dias
Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) solicitou uma reformulação por inteiro no modelo de funcionamento do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável por prestar assistência direta em questões de política de segurança e defesa nacional a Presidência. Os gabinetes serão redesenhados e terão outros objetivos.

O órgão se tornou o departamento mais questionado no primeiro escalão do governo, após o fracasso na segurança da Presidência durante os as invasões terroristas nas sedes dos Três Poderes, em Brasília (DF), no dia 8 de janeiro. O ministério perderá ainda mais os holofotes sem a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A Abin funciona ligada à estrutura do GSI desde o governo do ex-presidente interino Michel Temer (MDB), quando o atual comportamento da segurança institucional foi estabelecido. Agora, em reação aos últimos acontecimentos, uma das principais propostas é que a entidade seja ligada ao gabinete de Lula.

O presidente, por sua vez, está convencido de que dentro do órgão, uma ala específica da Abin ainda “protege” o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e se posiciona contra ele. Apesar de não ter decisões concretas, a ideia é promover um processo de “desmilitarização”, tirando militares da cadeia superior e os oficiais de inteligência.

Até o momento, o presidente ainda não se decidiu sobre como deverá funcionar a nova estrutura. Na disputa pelo controle da agência, o petista foi aconselhado por aliados a não vinculá-la ao gabinete presidencial. Um ministro ainda lembrou que “qualquer operação que dê errado cairá no colo do presidente”.

O ministro da Casa Civil, o ex-governador Rui Costa (PT), foi encarregado por Lula de remanejar o papel da Abin. Na semana passada, o ministro se reuniu com o atual diretor interino da pasta para discutir sobre a transferência de chefia. As análises e novas discussões sobre o futuro papel são reservadas entre o ministro e oficiais.

Além disso, como uma maneira de evitar problemas, o governo está estudando uma eventual “saída institucional” para uma decisão que, na prática, esvaziará ainda mais o GSI. O ministro-chefe general Gonçalves Dias, conhecido como G. Dias, não estava presente no encontro.

No último dia 12 de janeiro, o presidente despachou com G.Dias. Segundo o Estadão, durante a conversa, o ministro disse que “precisavam conversar” sobre qual seria o futuro da agência, mas não comunicou nenhuma decisão e nem previsões. Novas comunicações devem ser entregues nesta semana.

Além disso, o presidente solicitou um pente-fino no GSI nos próximos dias. O petista ordenou que G. Dias atue com avaliações individuais de todos os funcionários e demita os fardados que possuam quaisquer vínculos bolsonaristas. Por ora, ele já exonerou, de início, aqueles que assessoravam diretamente o ex-capitão, como por exemplo, o general Augusto Heleno, visto como bolsonarista radical. As exonerações continuam.

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