A Polícia Federal está considerando incluir o pastor Silas Malafaia no rol de investigados da Operação Tempus Veritatis, inquérito que apura a possível trama golpista envolvendo Jair Bolsonaro (PL), membros de seu governo e militares para impedir a posse de Lula (PT), eleito presidente em 2022.
Segundo avaliação de agentes federais, o pastor pode ser investigado por tentar obstruir o andamento do inquérito relacionado à tentativa de golpe de Estado. Os investigadores acreditam que, por meio do financiamento do ato na Avenida Paulista e de seus discursos, Malafaia teria disseminado desinformação para parte da população, com o intuito de incitá-la contra a investigação de uma suposta organização criminosa envolvida em um golpe de Estado.
A Polícia Federal suspeita ainda que Malafaia tenha incentivado os presentes a se oporem a membros do Poder Judiciário com base em premissas falsas.
Durante seu discurso, o pastor acusou a Justiça Eleitoral de tratar Lula e Bolsonaro de maneira diferente durante a campanha de 2022 e questionou a imparcialidade de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, chamando-o de “ditador toga”.
“Alexandre de Moraes diz que a extrema-direita precisa ser combatida na América Latina. Como o ministro do STF tem lado? Ele não tem que combater nem a extrema-direita nem a extrema-esquerda. Ele é guardião da Constituição. O presidente do STF, ministro Barroso, disse ‘nós derrotamos o bolsonarismo’. Isso é uma afronta, uma vergonha”, disse durante o ato.
Malafaia também sugeriu que Lula soubesse com antecedência dos atos golpistas promovidos por bolsonaristas em Brasília no dia 8 de janeiro. O líder evangélico, no entanto, não apresentou provas de sua teoria. “Mas eu tenho algumas perguntas para fazer: primeiro, por que Lula saiu às pressas de Brasília e foi para Araraquara (a enchente em Araraquara ocorreu no dia 28 de dezembro, 10 dias antes)? Ele foi avisado que ia ter baderna?”, afirmou o religioso.
Em resposta às possíveis acusações, Malafaia desafiou as autoridades a apontarem onde teria mentido, destacando que não fez ataques diretos ao ministro do STF nem pedidos de impeachment ou prisão. “Desafio dizerem onde eu menti. Não chamei o Alexandre de ditador da toga, não pedi o impeachment dele, nem disse que ele tem que ser preso”, afirmou à coluna de Igor Gadelha no Metrópoles.
O pastor bolsonarista também criticou o afastamento de governadores e fez xingamentos a aliados, ressaltando sua discordância com suas ações. “Cambada de frouxos, covardes e X9. São caras que estão ali, mas não estarão ali. Eles desceram porque são frouxos. Deixo aqui o registro do meu respeito ao Tarcísio, porque não compactuou com a molecagem”, discursou.