Mantendo candidatura do Ciro, PDT contribui para objetivo estratégico do Bolsonaro. Por Jeferson Miola

Atualizado em 10 de abril de 2022 às 23:08
Bolsonaro volta a provocar STF
Presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Em artigo na Folha, Vinícius Torres Freire afirma que “[1]. Há muita campanha pela frente. [2]. Mas o primeiro objetivo de Bolsonaro é garantir o segundo turno. [3]. Quaisquer dois ou três pontos nas pesquisas são cruciais”.

Essas três frases refletem três verdades. A primeira, de que ainda há tempo para Bolsonaro se reforçar eleitoralmente.

A segunda verdade: para Bolsonaro e para as cúpulas militares que partidarizaram as Forças Armadas, a prioridade absoluta é levar a decisão da eleição para o segundo turno; ao passo que para Lula e para a democracia brasileira, é fundamental, para não dizer vital, decidir e vencer a eleição já no primeiro turno.

E, a terceira verdade: para concretizar seu objetivo estratégico da eleição em dois turnos, o extremismo bolsonarista precisa dos votos anti-Lula aos quais o candidato pedetista Ciro Gomes se soma.

A realização do segundo turno é uma pré-condição fundamental para a estratégia de guerra que Bolsonaro e os militares preparam contra a debilitada democracia brasileira [aqui].

Em um cenário ultra polarizado de segundo turno, que terá sido precedido de um brutal gangsterismo político da matilha fascista contra Lula no primeiro turno, o bolsonarismo ficará muito à vontade para fomentar um clima de violência, conflito e caos.

A retirada da candidatura do Ciro Gomes, que nas pesquisas aparece com entre 7% e 9% das intenções de votos, praticamente decretaria a decisão da eleição já no primeiro turno e com a vitória do Lula com vantagem ao redor de 15% – ou quase 20 milhões de votos – em relação a Bolsonaro.

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Mesmo uma vitória nesta circunstância não será garantia de que Bolsonaro e os comandos das Forças Armadas aceitem o resultado. Mas uma diferença desta magnitude enfraqueceria enormemente e deslegitimaria em definitivo o pretexto deles para tumultuar o processo e instalar o caos.

A retirada da candidatura pedetista do Ciro, nesta perspectiva, contribuiria para desempatar a eleição em favor da democracia contra a barbárie fascista-militar.

No entanto, se mantida, a candidatura dele não só prejudicaria o desempenho do PDT nas eleições a governos estaduais, ao Senado e à Câmara dos Deputados, como teria o trágico efeito de contribuir para a concretização do objetivo estratégico do Bolsonaro e das “Milícias Fardadas” transvestidas de Forças Armadas “profissionais, nacionalistas e legalistas” [sic].

O PDT é muito maior que Ciro. Tem raízes populares e tradição na luta da resistência democrática e de combate à ditadura.

Se Leonel Brizola, o memorável líder e fundador do PDT, ainda estivesse vivo, ele muito provavelmente estaria liderando, junto com Lula e setores democráticos e populares do Brasil, uma frente antifascista para conter a continuidade da contrarrevolução fascista do bolsonarismo.

A vitória de Lula em outubro é a maior das urgências desta longa, interminável e complexa conjuntura aberta com a desestabilização do governo Dilma a partir de 2013.

Para possuir efetiva eficácia diante dos desafios desta conjuntura, a vitória do Lula precisa ocorrer no primeiro turno. Por uma diferença estrondosa e com a sólida unidade do campo progressista, popular e de esquerda. E, para isso acontecer, a retirada da candidatura pedetista é uma necessidade imperiosa.

(Originalmente publicado no BLOG do Jeferson Miola)

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