O tenente-coronel Mauro Cid afirmou à Polícia Federal (PF) que aliados extremistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) eram a favor da utilização de “um braço armado” para colocar em prática o plano golpista do ex-presidente.
Segundo a delação do ex-ajudante de ordens, o grupo radical incluía Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs) na tentativa de golpe de Estado, conforme informações do jornal O Globo.
De acordo com relato da PF, Cid também mencionou que o grupo radical próximo a Bolsonaro desejava que o ex-capitão assinasse um decreto golpista com base em uma interpretação distorcida do artigo 142 da Constituição Federal, que trata do papel das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem.
“Que o segundo grupo de ‘radicais’ era a favor de um braço armado; que gostariam de alguma forma incentivar um golpe de estado; que queria que ele [Bolsonaro] assinasse o decreto; que acreditavam que quando o presidente desse a ordem, ele teria o apoio do povo e dos CACs”, disse Cid em depoimento à PF.
Contudo, Cid não especificou quem compunha o que ele denominou como “segundo grupo de radicais”, que defendia uma ação militar.
As investigações da PF indicam que, de acordo com o material analisado, havia duas frentes de atuação. Uma mais conservadora, que trabalhava para desacreditar as urnas eletrônicas e o processo eleitoral, e uma segunda, que defendia ações “que resultariam em uma ruptura do Estado Democrático de Direito por meio da decretação de Estado de Defesa”.
Vale destacar que o governo Bolsonaro concedeu, em média, entre 2019 e 2022, 691 registros de novas armas por dia para Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs), de acordo com levantamento do G1.
Ao longo de quatro anos, foram emitidos 904.858 registros para aquisição de armas, sendo 47% liberados em 2022, segundo dados do Exército.