Mauro Naves é fichinha: o livro sobre Moro e a Lava Jato, de um repórter da Globo, é propaganda de uma fraude

Atualizado em 15 de junho de 2019 às 14:45
Miriam Leitão, Moro e Vladimir Netto no lançamento do livro da Lava Jato: tudo em família

A cobertura desonesta da Globo do escândalo da Lava Jato, focada num suposto hacker, é explicada pelo fato de que, como se sabe, ela é parte integrante do esquema desde o início.

Sem ela — e eu já escrevi isso — , a operação jamais teria ido tão longe.

Em meio ao vasto material do Intercept, aparecerão jornalistas da emissora que receberam os vazamentos. Em que papel, vamos ver.

A Globo foi um eficiente órgão de propaganda, enfiando goela abaixo da opinião pública a imagem de deuses infalíveis da República de Curitiba e seus próceres.

O livro mais bem sucedido sobre o assunto é de um repórter do Jornal Nacional.

“Lava Jato – O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil”, de Vladimir Netto, filho de Míriam Leitão, foi lançado em 2016.

Lotado no Jornal Nacional, diretor da Abraji (Associação Brasileira Jornalismo Investigativo), Vladimir ganhou um bom dinheiro sentado sobre uma montanha de ilegalidades cometidas pelos heróis de sua trama.

Comprou a coisa toda como a salvação da pátria. Escolheu uma verdade: a dos justiceiros.

Mais de 200 mil exemplares desse lixo foram vendidos. Serviu de base para outro, a série “O Mecanismo”, de José Padilha, nossa Leni Riefenstahl, a cineasta do nazismo.

Em sua hagiografia, Vladimir escreve que Moro exibe “rigor e coragem”, conduz tudo “com maestria”, “trabalha com afinco em busca de resultados”.

Moro é “um excelente pai. Trocava fraldas, acordava à noite quando a bebê chorava e cuidava do umbigo da menina.”

Teori Zavascki, relator no STF, é descrito assim: “Busca sempre a razão, pesa prós e contras e estuda os detalhes de cada processo para tomar decisões bem fundamentadas”.

É trágico ler essa patacoada à luz das revelações dos diálogos revelados pelo Intercept.

Especialmente essas palavras de Dallagnol: “O Ministro Fux disse quase espontaneamente que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou”.

Ou essas de Sergio Moro: “In Fux we trust”.

Vladimir nunca esboçou a menor dúvida sobre seus personagens e funcionou, mesmo, como um relações públicas.

É um caso claro de mau jornalismo e de conflito de interesses. 

Mauro Naves, vamos lembrar, foi afastado da emissora por suas ligações com o advogado da modelo do suposto estupro cometido por Neymar.

Como Moro e a turma, aparentemente, pode tudo.

Em entrevista à mídia portuguesa em 2018, quando a obra saiu lá, Vladimir declarou que “não há parcialidade de Moro. A Lava Jato procura investigar todos”.

Questionado sobre as ambições políticas de Moro, respondeu que achava que ele não as tinha.

“Surpreendia-me muito se ele se candidatasse”, falou.

Palestrou numa feira de livros ao lado de Deltan Dallagnol, estimulando aquela pregação picareta (veja abaixo).

Fez uma selfie com outros colegas comemorando a condenação de Lula no TRF-4.

Quanto valeu o “showzinho”, como diz o Moro?