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“Me condenaram para impedir o povo de me eleger presidente”, diz Lula ao comentar novo feitiço da mídia: chapa Huck-Moro

Moro e a turma da Globo

No reencontro que teve hoje com a Vigília Lula Livre neste domingo, através de uma live, o ex-presidente Lula falou sobre o empenho de setores da elite brasileira contra a volta de um projeto de inclusão social no Brasil.

“A única coisa que eles não admitem voltar é o PT e o Brasil da inclusão social”, afirmou.

“Basta ver meu habeas corpus, que está há dois anos esperando julgamento. Porque politicamente para eles não é conveniente”, acrescentou.

Sem admitir a volta de Lula à plenitude de seus direitos, esses mesmos setores tentam inventar soluções.

Segundo a Folha de S. Paulo, o ex-juiz Sergio Moro e o apresentador de TV Luciano Huck negociam uma aliança política para 2022.

O apresentador da Globo visitou Moro no apartamento deste, em Curitiba. O jornal diz que o objetivo é criar uma alternativa de centro para a próxima eleição presidencial.

Pausa para gargalhada.

Nem Moro, nem Huck são de centro. O ex-juiz é um extremista de direita que tentou servir a Bolsonaro, mas falhou quando disputou com este o controle da Polícia Federal.

Huck já disse que jamais votaria no PT e sempre esteve alinhado a tucanos, que são de direita, embora, na origem, o PSDB tenha tido quadros de centro ou centro-esquerda, como Franco Montoro, Mário Covas e Sigmaringa Seixas.

“Cada hora inventam uma coisa”, resumiu Lula em relação à chapa que a Folha está tentando criar.

O jornal prestaria melhor serviço se mostrasse que os processos da Lava Jato contra Lula não apresentam uma prova sequer de crime. Tanto que, nas ações que correm longe de Curitiba, o ex-presidente é sempre inocentado.

Lula entende que os processos judiciais têm caráter político. E têm mesmo. No caso do triplex, foi uma condenação a jato, inclusive no TRF-4, para impedir Lula de disputar a eleição contra Bolsonaro.

“A essa altura, todo mundo já deveria ter entendido que minha prisão não teve nada a ver com um processo jurídico… Nunca entendi aquilo como uma prisão, sempre soube que era um interdito para que eu não fosse candidato. Para impedir o povo de me eleger presidente”, declarou.

Se não tem nada de centro, a chapa Huck-Moro é carregada de simbolismo.

É a expressão da aliança que prejudicou severamente o Brasil e pavimentou o caminho de Bolsonaro (e da extrema direita) até o Palácio do Planalto.

De um lado, está representada a Globo. De outro, a Lava Jato. Foi o casamento que pariu Bolsonaro.

Faz sentido, portanto.

Joaquim de Carvalho

Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquimgilfilho@gmail.com

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Joaquim de Carvalho

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