Médico acusado da morte de 42 pacientes teve registro profissional aceito em SP

Atualizado em 17 de dezembro de 2023 às 8:11
João Couto Neto preso em SP por policiais civis. Foto: Divulgação / Polícia Civil

O médico cirurgião João Batista de Couto Neto, de 46 anos, foi preso nesta quinta-feira (14) por negligências médicas que resultaram em mortes e mutilações durante cirurgias em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Mas, mesmo diante das acusações, o profissional continuava a atuar. Ele foi preso em um hospital em Caçapava, interior de São Paulo.

Com a cassação do seu registro em fevereiro no Rio Grande do Sul, João se cadastrou no Conselho Regional de Medicina de SP (Cremesp) para continuar exercendo a profissão. O órgão, no entanto, afirmou que ao aceitar o registro de do médico, tinha conhecimento da suspensão parcial da licença do profissional no RS, mas afirmou ser “obrigado a efetuar o registro do médico.”

O mandado de prisão preventiva foi emitido na quarta-feira (13) pelo juiz Guilherme Machado da Silva, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Couto Neto foi indiciado por homicídio doloso com base em três inquéritos conduzidos pela Delegacia de Novo Hamburgo. A polícia suspeita que ele esteja envolvido em pelo menos 42 mortes de pacientes e 114 casos de lesão corporal.

No ano passado, Couto Neto, que mantinha ativa sua presença nas redes sociais, exibiu mais de 25 mil cirurgias realizadas em 19 anos de carreira. No entanto, em dezembro de 2022, foi afastado por 180 dias das cirurgias por decisão da Justiça gaúcha. Em meio a elogios de pacientes, o médico enfrentava acusações de erro médico por parte de colegas de profissão.

Mensagem escrita pelo médico no dia em que foi suspenso pela Justiça do RS. Foto: Reprodução

De acordo com o delegado Tarcísio Kaltbac, da Polícia Civil de Novo Hamburgo, Couto Neto, que atuava apenas na rede privada, chegava a realizar até 25 cirurgias em um único turno de plantão. A investigação sugere que esse comportamento visava aumentar ganhos financeiros, resultando em negligência e erros médicos. A quantidade excessiva de cirurgias comprometia a qualidade dos cuidados pós-operatórios, levantando a hipótese de crueldade deliberada, conforme apontam os investigadores.

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