Amputadas sem anestesia, crianças em Gaza dizem a médicos que preferem morrer

Atualizado em 24 de fevereiro de 2024 às 14:56
Crianças palestinas obervam a destruição em uma mesquita, na cidade de Gaza. Foto: Mahumud Hams/AFP/VEJA

Amputações sem o uso de anestesia estão sendo realizadas em crianças na Faixa de Gaza, e mesmo aquelas com apenas cinco anos de idade expressam o desejo de morrer, conforme revelado pelo secretário-geral da organização Médicos Sem Fronteira, Christopher Lockyear, durante seu discurso ao Conselho de Segurança.

Lockyear destacou o cenário dramático da saúde em Gaza, enfocando especialmente a situação das crianças. “Essas lesões psicológicas levaram crianças de apenas cinco anos de idade a nos dizer que prefeririam morrer”, constatou.

Os dados oficiais do Ministério da Saúde palestino indicam que dois terços dos cerca de 30 mil mortos em Gaza desde 7 de outubro são mulheres e crianças. Embora não seja possível verificar de forma independente esse número, tanto a OMS quanto a ONU o utilizam em seus informes oficiais.

Christopher Lockyear, chefe da MSF, ressaltou que os ataques israelenses contra hospitais têm prejudicado significativamente os esforços de socorro às vítimas. Com informações do UOL.

O governo de Israel, no entanto, justifica essas ações alegando que esses centros de saúde abrigam membros do grupo palestino Hamas, uma alegação contestada pela ONU, que destaca que as vítimas são predominantemente civis.

Crianças palestinas em meio a escombros após ataque de Israel a campo de refugiados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza
Crianças palestinas em meio a escombros após ataque de Israel a campo de refugiados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Foto: Said Khatib/AFP

“Nossos pacientes têm lesões catastróficas, amputações, membros esmagados e queimaduras graves. Eles precisam de cuidados sofisticados. Precisam de reabilitação longa e intensiva”, disse o representante da Médicos Sem Fronteira.

“Os médicos não podem tratar esses ferimentos em um campo de batalha ou nas cinzas de hospitais destruídos”, disse. “Não há leitos hospitalares suficientes, medicamentos suficientes e suprimentos suficientes”.

“Os cirurgiões não tiveram outra opção a não ser realizar amputações sem anestesia em crianças”, afirmou aos demais membros do Conselho de Segurança. “Nossos cirurgiões estão ficando sem a gaze básica para impedir que seus pacientes sangrem. Eles a usam uma vez, espremem o sangue, lavam-na, esterilizam-na e a reutilizam para o próximo paciente”.

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