Sempre que leio o poema de Cecília Meireles “Mensagem a um Desconhecido”, publicado no ano em que nasci, 1956, penso em você, que me lê. (E também em minha mãe, que enquanto pôde teve sempre a companhia de poetas amados como Manuel Bandeira e Fernando Pessoa nos momentos de solidão, depois que papai morreu e os filhos cresceram.)
De Cecília Meireles (1901-1964), o grande crítico Paulo Rónai escreveu o seguinte: “Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo. (…) A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea”.
Há algum tempo venho pensando em compartilhar aqui o poema de que falei, e hoje decidi, enfim, fazê-lo.
Mensagem a um Desconhecido
Teu bom pensamento longínguo me emociona.
Tu, que apenas me leste,
acreditaste em mim, e me entendeste profundamente.
Isso me consola dos que me viram,
A quem mostrei toda a minha alma,
E continuaram ignorantes de tudo que sou,
Como se nunca tivessem me encontrado.
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