“Milícia digital” obedeceu ordem de Braga Netto para atacar generais, mostra levantamento

Atualizado em 16 de fevereiro de 2024 às 12:02
General Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil. Foto: reprodução

A investigação da Polícia Federal sobre a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados em uma possível tentativa de golpe de Estado revela uma complexa rede de atuação que a polícia caracteriza como uma “milícia digital”. Esse grupo disseminava notícias falsas para desacreditar o processo eleitoral, distribuía relatórios falsos sobre urnas e se aproveitava de informações obtidas por hackers. Essas revelações foram feitas durante a Operação Tempus Veritatis conduzida pela PF.

Um dos alvos dos ataques dessa “milícia digital” foi o general Tomás Paiva, escolhido por Lula para comandar o Exército em fevereiro do ano passado. Segundo informações obtidas pela PF, o ex-ministro Braga Netto orientou ataques a Paiva para que “viralizassem”, chamando-o de “PT desde pequeninho”. Esses ataques tiveram ampla adesão entre os perfis bolsonaristas, de acordo com um levantamento do jornal O Globo.

Outra frente de ataques ao sistema eleitoral foi liderada pelo economista e blogueiro Paulo Figueiredo Filho, que, segundo a investigação, tentava insuflar os militares a aderirem ao plano golpista vazando informações da caserna. Figueiredo também foi responsável por ataques a generais como Tomás Paiva em programas de televisão.

A disseminação de vídeos com informações falsas sobre a eleição também fizeram parte da estratégia da “milícia digital”. Em uma live realizada por um consultor argentino, foi apresentado um estudo falso alegando disparidades entre a distribuição de votos em urnas eletrônicas mais novas e antigas, favorecendo Lula. Esse material foi compartilhado por Tércio Arnaud, então assessor da Presidência.

Além disso, a PF afirma que até mesmo informações de hackers foram utilizadas pelo grupo para tumultuar o processo eleitoral. Em uma troca de mensagens, o tenente-coronel Mauro Cid menciona receber informações de um “cara de TI, hacker”, e em outro diálogo, há áudios alegando fraudes nas urnas em favor de Lula, especialmente no Nordeste, após o encerramento da votação.

Segundo blog da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, além de Braga Netto, o general Márcio Fernandes, que chegou ocupar interinamente a Secretaria-Geral da Presidência na gestão Bolsonaro, também exerceu pressão sobre a cúpula militar por uma intenção golpista, divulgando uma carta aberta pedindo ruptura institucional que circulou nas redes bolsonaristas às vésperas da diplomação de Lula como presidente eleito.

Na mensagem, Fernandes escreveu que seria “urgente” a realização de uma auditoria nas urnas e deveria ser “imposta ao Judiciário” na ocasião.

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