Militares que ficaram em silêncio em depoimento à PF querem fazer ‘confronto de versões’ com ex-comandantes

Atualizado em 16 de março de 2024 às 8:10
O ex-comandante da Marinha Almirante Almir Garnier Santos, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio durante desfile do 7 de Setembro em 2022 — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na investigação do inquérito sobre o golpe, militares que permaneceram em silêncio planejam uma estratégia de “confronto de versões” em relação aos depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas, Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica), de acordo com a colunista Bela Megale, do Globo.

Almir Garnier Santos, ex-chefe da Marinha, é um dos que indicaram aos aliados que seguirão esse caminho. Segundo relatos de Gomes e Baptista Junior, ele foi o único que concordou com o golpe proposto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que “colocaria suas tropas à disposição”.

Nos interrogatórios conduzidos pela Polícia Federal (PF) no mês passado, Garnier optou por permanecer em silêncio. Agora, planeja solicitar à sua defesa a marcação de um novo interrogatório para apresentar sua versão.

Garnier tem negado a alegação de ter visto a minuta golpista durante a reunião com Bolsonaro e Gomes. No entanto, Gomes relatou à PF que o assessor especial da Presidência, Filipe Martins, leu um texto com os “fundamentos jurídicos” da minuta.

O general também mencionou que Bolsonaro apresentou uma versão do documento em outro encontro, incluindo a “Decretação do Estado de Defesa” e a criação da “Comissão de Regularidade Eleitoral”. Garnier e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, estavam presentes.

Ex-comandantes do Exército e Marinha devem depor à PF nesta quinta-feira - Montedo.com.br
Almir Garnier Santos e Paulo Sérgio Nogueira. Foto: reprodução

Nogueira, também investigado, expressou a intenção de solicitar um novo interrogatório à PF para confrontar as versões apresentadas até o momento, após manter silêncio na primeira intimação.

De acordo com os depoimentos de Gomes e Baptista Junior, Nogueira conduziu uma reunião na sede do Ministério da Defesa, em 14 de dezembro de 2022, sem a presença de Bolsonaro, onde teria apresentado uma minuta de decreto de golpe.

Baptista Junior relatou que Nogueira disse ter uma minuta durante a reunião e que gostaria de mostrá-la. Ao questionar se o documento previa a não assunção do cargo pelo novo presidente eleito, o ministro da Defesa permaneceu em silêncio, e ele e Gomes não concordaram em analisar o conteúdo da minuta.

Os investigadores afirmam que os pedidos de novos depoimentos serão analisados, mas ressaltam que, atualmente, não há interesse, uma vez que os alvos já tiveram a oportunidade de se manifestar.

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