Record Lixo.
O que o Cidade Alerta colocou no ar ontem à noite é uma vergonha não só para o jornalismo, mas para a parte já civilizada da sociedade brasileira.
Um homem foi assassinado em São Paulo e seu corpo ainda nem tinha sido retirado do sofá quando a jovem repórter Luisa Zanchetta começou a narrar.
Primeiro, a vítima, de nome Josivaldo, foi apresentada como protagonista de uma briga com amante.
Depois, a repórter disse que ele seria agiota.
Confrontada pela filha e por outro homem, a repórter disse que a informação era de vizinhos.
Que vizinho?
Um homem que não era da família — aparentemente, vizinho — desmente a jornalista ao vivo:
“Ele já emprestou dinheiro para você?”
“Os vizinhos deram essa informação”, insiste a repórter, enquanto, do estúdio, o já experiente Luiz Bacci pede a prisão do homem que está fazendo um questionamento absolutamente pertinente.
Para o apresentador, quem merece prisão é o homem que critica a reportagem por divulgar informação sem consistência e que causa dano moral à memória da vítima e também a seus parentes.
Quem merece punição são esses que exercem, criminosamente, o ofício do jornalismo. Bacci é reincidente da prática.
Há alguns meses, ele fez uma mãe desmaiar ao permitir que um advogado lhe contasse, ao vivo, que a filha havia sido assassinada.
O Ministério Público não fará nada para impedir que esse show de horrores continue sendo apresentado em rede nacional sem o mínimo de responsabilidade?
Nunca é demais lembrar o que diz o artigo 221 da Constituição Federal, o nosso pacto de convivência civilizada:
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
.x.x.x.
PS: “Não se trata de impor censura, mas de responsabilizar quem abusa do ofício do jornalismo, colocando no ar notícias que não respeitam os valores éticos e sociais da pessoa e da família. Um ajuste de conduta ou a obrigação de veicular mensagens reparadoras seriam um bom começo.
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