A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, relataram na quinta-feira (27) já terem sido barradas, em ocasiões diferentes, no Palácio do Planalto por seguranças e funcionários terceirizados.
As declarações ocorreram durante evento de lançamento do grupo interministerial para combater o assédio e discriminação no serviço público.
Cida Gonçalves contou que em alguns casos foi preciso ser identificada pelas assessoras de imprensa. “Eu sempre brinco: tem dia que eu chego ao Palácio [do Planalto] e os seguranças não me deixam entrar. Eles falam assim: ‘Não, a senhora entra por aquela porta ali’. Aí, eu falo para eles: ‘Olha, eu não tenho cara de ministra, não tenho tamanho de ministra nem me visto como ministra, mas eu sou ministra. Lamento’”, disse.
“Faz parte dos preconceitos e das discriminações. O que acontece no Palácio acontece em todos os lugares, inclusive no meu ministério. São questões que temos que estar atentas cotidianamente”, acrescentou.
Em seguida, Dweck revelou que ela e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, passam pela mesma situação. “Quando a Cida falou aqui que ela é barrada no Palácio… Eu sou barrada no Palácio, a Anielle é barrada no Palácio”, afirmou.
“E, muitas vezes, o servidor, o terceirizado que fica ali na segurança (…), a pessoa que está ali não tem nenhuma responsabilidade por estar tendo aquela reação, porque isso é fruto de uma cultura na sociedade brasileira de não imaginar determinadas pessoas em determinados espaços”, continuou.
Após a fala de Dweck, Cida ainda disse que Anielle deve ter mais dificuldade de “convencer todo mundo que é ministra” por ser negra. A ministra também citou o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que também é negro.