Minuta golpista de Bolsonaro previa prisão de Moraes, Gilmar e Pacheco

Atualizado em 8 de fevereiro de 2024 às 12:29
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Foto: Sergio Lima/AFP

Uma minuta golpista encontrada pela Polícia Federal mostra que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados planejavam prender os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado Federal. O documento foi descoberto durante investigação da corporação sobre a tentativa de golpe de Estado para manter o então mandatário no poder.

A minuta de golpe foi entregue ao ex-presidente por seu assessor Filipe Martins, preso na operação desta quinta (8), e Amauri Feres, advogado que teria sido o autor do documento e foi alvo de busca na operação de hoje.

Após tomar posse da minuta, Bolsonaro pediu a retirada dos nomes de Pacheco e Gilmar, mas a manutenção de Moraes. Ele ainda pediu que o trecho que previa a realização de novas eleições fosse mantido no documento. O magistrado também foi monitorado pelos golpistas, que monitoraram sua agenda e seus voos para prendê-lo caso houvesse um golpe de Estado.

Segundo a minuta, o então ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, buscava uma “bala de prata” que motivasse o golpe. Ele ainda recebeu um pedido de R$ 100 mil de articuladores de atos golpistas para ajudar na organização das manifestações.

Cid diz que conversava com hacker para buscar “bala de prata” que motivasse um golpe. Foto: Reprodução

Militares da ativa pressionaram colegas contrários à ruptura institucional para tentar criar mais adesão ao movimento golpista, de acordo com investigadores. A PF descobriu ainda que o PL, partido de Bolsonaro, foi usado para financiar narrativas de ataque às urnas.

A corporação ainda identificou que o general Estevam Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, teve uma reunião com Bolsonaro e se colocou à disposição para aderir ao golpe. Na ocasião, ele prometeu colocar tropas especiais nas ruas se o então presidente assinasse uma minuta que determinasse a ruptura institucional.

Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira foi citado em áudio de Mauro Cid. Foto: Reprodução

O então chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno também incentivou um golpe. Em reunião feita em 2022, ele afirmou que órgãos do governo deveriam tentar assegurar a vitória de Bolsonaro nas eleições.

O candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, o general Walter Braga Netto, também aderiu ao golpe e chamou o comandante do Exército, Freire Gomes, de “cagão” por não apoiar a iniciativa. Em mensagens, ele acusou o chefe da Força de “omissão e indecisão” e afirmou: “Oferece a cabeça dele”.

Foram alvos de buscas nesta quinta os generais Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Theóphilo; o almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha); Anderson Torres (delegado da PF e ex-ministro da Justiça); Tercio Arnaud Thomaz (ex-assessor de Bolsonaro) e Ailton Barros (coronel reformado do Exército).

Também fora cumpridos mandados de prisão contra Filipe Martins, Marcelo Câmara (coronel do Exército e ex-assessor especial de Bolsonaro); Bernardo Romão Correa Neto (coronel do Exército) e Rafael Martins de Oliveira (major do Exército).

Valdemar Costa Neto, o presidente do PL, foi alvo de buscas e preso em flagrante durante a operação por porte ilegal de arma de fogo não registrada.

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