Quem é Filipe Martins, supremacista preso por entregar minuta golpista a Bolsonaro

Atualizado em 8 de fevereiro de 2024 às 12:11
Filipe Martins faz o gesto de sumpremacista branco no Senado. Foto: reprodução

Filipe Garcia Martins, preso nesta quinta-feira (9) na Operação Tempus Veritatis, conduzida pela Polícia Federal (PF), é ex-assessor especial para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PL). Ele foi mencionado em um depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada com a PF.

Martins foi preso em Ponta Grossa, no Paraná. A operação também tem como alvos Bolsonaro, seus ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres, além do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

O bolsonarista ganhou notoriedade após ser acusado de fazer um gesto de supremacia branca durante uma sessão do Senado Federal em março de 2021. A investigação por crime de racismo contra Filipe foi reaberta em novembro do ano passado pelo desembargador Ney Bello.

Martins estava atrás do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), durante uma transmissão ao vivo pela TV Senado, quando fez o gesto, flagrado pelas câmeras.

Quando absolvido na primeira instância, o advogado de Martins, João Manssur, alegou que “não há como presumir que o gesto teria alguma conotação relacionada a uma ideologia adotada por grupos extremistas, e não há elementos contextuais que demonstrem tal intenção criminosa”.

O caso será investigado, sob risco de “o Judiciário ser tolerante com a prática de condutas racistas”. Em outubro de 2021, o juiz da 11ª Vara Criminal do Distrito Federal encerrou o processo, considerando que o gesto denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) não configura crime e absolveu o réu.

PF prende Filipe Martins e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
O ex-assessor internacional Filipe Martins. Foto: reprodução

O ex-assessor internacional deixou o Brasil com Bolsonaro em dezembro de 2022. Em 2023, tentou conseguir um emprego no PL. Após o retorno de Bolsonaro dos Estados Unidos, Martins tentou ser contratado pelo partido para continuar prestando seus serviços ao ex-presidente, porém, sem sucesso.

E-mails obtidos pela CPI do 8 de Janeiro e dados da Lei de Acesso à Informação indicam que Martins esteve no Palácio da Alvorada quatro vezes em dezembro de 2022, após a derrota de Bolsonaro para Lula na eleição.

Martins foi mencionado na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, como responsável por levar uma minuta golpista para o então presidente. As reuniões ocorreram fora da agenda oficial e estão sob investigação da PF.

Os investigadores suspeitam que em uma dessas ocasiões, Martins levou o documento a Bolsonaro, que teria solicitado alterações no texto, conforme a delação de Cid. A minuta lista supostas interferências do Poder Judiciário no Executivo e termina com a determinação de novas eleições e a prisão de autoridades, de acordo com três pessoas com acesso ao depoimento de Cid.

Martins esteve no Alvorada nos dias 18 de novembro e 16, 20 e 21 de dezembro de 2022. Em dois desses dias, o general da reserva Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro, e o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, também estavam presentes no Alvorada.

Segundo o relato de Cid à Polícia Federal, Martins disponibilizou a versão do texto impresso e digitalmente para que fossem feitas as mudanças solicitadas por Bolsonaro. Nesse contexto, ele teria ido ao Alvorada mais de uma vez, onde Bolsonaro estava tratando de uma infecção na pele.

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