Míriam Leitão é defendida de ataque “machista” por pessoas que ajudaram a massacrar Dilma por ação ou omissão

Atualizado em 9 de setembro de 2021 às 23:46
Miriam Leitão, Moro e o filho dela, Vladimir Netto, no lançamento do livro sobre a Lava Jato

O cineasta Kleber Mendonça Filho virou alvo de um linchamento nas redes sociais. 

“Querida Miriam, você é uma completa imbecil. Tenha vergonha”, escreveu no Twitter, ao compartilhar um comentário da jornalista sobre os atos bolsonaristas do 7 de setembro.

Foi o dog whistle para uma sessão de corporativismo heavy metal de dar inveja à turma de Carluxo. 

“Miriam Leitão, uma das maiores jornalistas do Brasil, tem o meu apoio total e irrestrito. Um ataque desses diz muito sobre que ataca e nada sobre quem é atacado”, disse Lauro Jardim, do Globo.

“Grosseria gratuita, inaceitável. Meu carinho, meu respeito, minha admiração sempre, Miriam querida”, emendou Flávia Oliveira.

A lista segue com os colegas declarando sua admiração pela decana em termos sabujos. Um sujeito a elogiou porque tomaram café juntos um dia.

Kleber não foi delicado, mas a reação é desproporcional e hipócrita. 

A imensa maioria dos indignados com o “machismo” não deu um pio quando Dilma Rousseff era massacrada diuturnamente ao longo de seu mandato.

Pelo contrário: muitos participaram ativamente numa campanha difamatória e misógina. 

Míriam Leitão e Cora Rónai desancam Dilma na posse

A própria Míriam, por exemplo, é autora de uma troca de mensagens sórdida com Cora Rónai sobre o vestido e o andar de Dilma na posse.

Quando a então presidente foi chamada de “anta” num evento com Marina Silva, Waldvogel fez questão de tripudiar: “Coitadinha da Dilma! Quanta injustiça!”

Em 2016, auge das agressões ao governo do PT, Lauro deu o endereço onde ela iria morar no Rio, como se fosse uma nota qualquer e não, àquela altura, um convite a um ataque por parte de algum desses asnos que hoje perfilam com Bolsonaro.

Míriam ajudou a cevar o ambiente de ódio antipetista que assolou o país. Abraçou Sergio Moro e a Lava Jato — juntamente com seus filhos — e transformou-se em assessora de imprensa do bando. Nunca esboçou nada parecido com uma autocrítica. 

“Imbecil” é pesado? Provavelmente. Mas Míriam está no debate público e esses são ossos do ofício. Ela sabe disso. A grita dos sicofantas diz mais sobre o jornalismo brasileiro do que sobre o diretor de “Bacurau”.