Como Monark virou maior YouTuber gamer antes da defesa do nazismo

Atualizado em 9 de fevereiro de 2022 às 11:03
A imagem do Monark
(foto: Instagram/Reprodução)

Bruno Aiub, conhecido hoje como Monark, tem 31 anos e se tornou host e apresentador do Flow Podcast. A história do streamer, no entanto, nem sempre envolveu bate-papos políticos regados a cigarro, maconha e bebidas alcóolicas. Monark começou no Youtube em outubro de 2009 fazendo tutoriais do jogo Minecraft – que se tornou um dos maiores da indústria dos videogames para computador – tentando ajudar amigos na internet.

Atualmente, ele estava apresentando o podcast que chegou no topo das paradas do Spotify, superando o Nerdcast (do site Jovem Nerd), que consolidou o bate-papo casual. Durante o episódio que teve participação dos deputados Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB), na última segunda-feira (07), Monark defendeu a “legalização” de um Partido Nazista no Brasil. A afirmação seria supostamente uma defesa à “liberdade irrestrita de expressão”.

Para além de antipetista e crítico da esquerda, Monark se identifica com o pensamento libertário, que é adotado por pensadores de extrema direita nos Estados Unidos, incluindo os adeptos da tese fantasiosa do “anarcocapitalismo”. Ele se inspirou em podcasters americanos como Joe Rogan, que está sendo deletado do Spotify por ter dado espaço para discursos anticientíficos na pandemia do novo coronavírus, alinhados com a presidência de Donald Trump.

A imagem de Monark jogando Minecraft
Ele jogando Minecraft. Foto: Reprodução/YouTube

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Monark começou no Minecraft

Em um ano no ar, o primeiro canal de Monark, chamado RandonsPlay, chegou em quatro mil inscritos. Bruno então adotou o apelido Monark, como um “monarca” de seu mundo no Minecraft. O salto não demorou e o canal atingiu 3 milhões de inscritos.

Com isso, ele tornou um dos cinco maiores Youtubers de games no Brasil, o maior de Minecraft, ao lado de Venom Extreme, Guilherme Gamer, Leon (hoje dono do canal Coisa de Nerd) e Davy Jones, conhecido na época como Gameplayrj.

A imagem de Leon, Venom e Monark
Leon, Venom e Monark. Foto: Reprodução/YouTube

Os vídeos de Monark bateram seis milhões de visualizações. Os produtores de conteúdo fizeram parcerias e se anteciparam diante de outros youtubers que se tornaram gigantes no setor, como o próprio pessoal do Jovem Nerd – os produtores de conteúdo Alexandre Ottoni e Deive Pazos. Ao jornal O Globo, em 2013, Monark afirmou que ganhava R$ 30 mil por mês e que guardava 90% do dinheiro durante todo o período. Mas algo mudaria tudo na trajetória do Youtuber.

Entre 2013 e 2014, no período do impeachment de Dilma Rousseff, Monark decidiu se posicionar como um crítico da esquerda, um antipetista, embora ele diga hoje que era contra a remoção da presidenta no governo. Isso provocou quase o fim da sua carreira no Youtube. Seus vídeos despencaram de 500 mil visualizações e até dois milhões de visualizações para mil e duas mil visualizações. A política derrubou o engajamento de Monark no universo dos games.

Ressurgimento de Monark no Flow Podcast

O Youtuber enfrentou um período de depressão. Nas palavras dele, em diferentes entrevistas, pensou até em se matar. Nesse mesmo período, Monark tornou-se streamer de games no Facebook. Foi nesse período que ele conheceu Igor Coelho, o Igor 3K, que tinha estourado no Youtube transmitindo o game de mundo aberto GTA.

Cansado dos videogames e inspirados pelo bate-papo libertário do americano Joe Rogan, Igor e Monark criaram o Flow em 2 de outubro de 2018. Entrevistando comediantes e youtubers de games, o canal foi crescendo ao mesmo tempo em que a dupla melhorava os equipamentos de gravação de vídeo e captação de som.

Em pouco tempo, o Flow Podcast mergulhou em temas políticos, primeiro partindo dos videogames. Quando os youtubers do canal Xbox Mil Grau foram pesadamente criticados por postagens racistas, o Flow abriu o microfone para ouvi-los. Monark e Igor foram criticados no episódio, mas ganharam milhões de visualizações.

O vídeo mais visto da dupla é uma entrevista com o humorista de direita, ex-bolsonarista, Danilo Gentili, com mais de nove milhões de visualizações. E então vem os programas com políticos do cenário nacional. Eduardo Bolsonaro fez três milhões. Mas há nomes de esquerda que passaram pelo Flow: Ciro Gomes (2,7 milhões), Fernando Haddad (1,5 milhão) e Guilherme Boulos (1,3 milhão).

A imagem de Eduardo Bolsonaro no Flow
Eduardo Bolsonaro no Flow. Foto: Reprodução/YouTube

Essas lives bombam porque o Flow tem um canal separado de cortes de até 10 minutos dos programas. Valendo-se de uma “falha” no algoritmo do Youtube, Monark e Igor ganharam engajamento entupindo a plataforma de vídeos novos e permitindo que as pessoas fizessem seus recortes após a transmissão ao vivo.

Dos esquerdistas que participaram, Boulos atingiu um público fora da sua bolha através da entrevista que ele deu ao Flow Podcast. Sobretudo jovens e pessoas mais despolitizadas. É um público que o Monark cultiva desde a época dos videogames.

A imagem de Boulos no Flow Podcast
Guilherme Boulos no Flow Podcast. Foto: Reprodução/YouTube

Nesta terça (8), Igor e Monark gravaram um último programa Flow juntos. Ao invés de seis horas de duração, em lives altamente lucrativas, eles gravaram por apenas 40 minutos. Trouxeram o professor André Lajst, que explicou o mal do nazismo e do Holocausto – que foram relativizados por Monark diante de Kim Kataguiri e Tabata Amaral.

O futuro de Monark é uma incógnita em seu segundo período de decadência. Ele teve a sua participação de 50% dos Estúdios Flow comprada por Igor, o que deixará Bruno milionário. Já o Igor 3K pretende manter a empresa, que conta com 80 funcionários e diversos outros podcasts que abordam assuntos diferentes. A saber: O Vênus (de assuntos femininos), À Deriva (de humor), Avesso (de cultura periférica, com o Ferréz), Noir (de cultura negra, com Ale Santos e Paulo Cruz) e outros.

Fatal Model, Philip Mead e Amazon suspenderam patrocínios do Flow Podcast. iFood já havia suspendidos anúncios quando Monark relativizou racismo. Outras marcas também informaram o público que só patrocinaram determinados capítulos do podcast – repudiando a defesa de um Partido Nazista que Bruno Aiub, o Monark, defendeu.

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