Mordida no pescoço e militar de cueca: Forças Armadas enfrentam 56 ações penais por assédio sexual

Atualizado em 11 de julho de 2023 às 6:48
Militares mulheres – Foto: Reprodução

Nos últimos anos, as Forças Armadas enfrentam uma sequência de acusações de assédio e importunação sexual dentro das unidades espalhadas pelo país, envolvendo praças e oficiais.

Dados do STM (Superior Tribunal Militar), reunidos pelo jornal Folha de S.Paulo, mostram que 56 ações penais sobre o tema foram abertas a partir de 2018. Desde o ano passado foram 29 denúncias, o equivalente a 3 a cada 2 meses.

Nos relatos dos assédios constam episódios como: mordida no pescoço numa sala do setor financeiro de um batalhão; um militar embriagado de cueca que invade o quarto de uma sargento no alojamento e a convida para se deitar com ele; toque nos seios de uma oficial; entre outros.

Em sua maioria, trata-se de militares mulheres, vítimas de constrangimento e desrespeito em batalhões por colegas da caserna. Uma das denunciantes foi feita por uma sargento temporária de um depósito do Exército. Ela relatou ter sido atacada, por três vezes, pelo tenente Fábio de Andrade Fontes em 2016 e 2017.

Ela diz que, na primeira vez, recebeu uma mordida por trás no pescoço quando conferia o sistema financeiro da unidade. Meses depois, o mesmo tenente a teria agarrado por trás tocando em suas partes íntimas. Ela relatou também que, no último ataque, foi beijada à força.

Militar mulher – Foto: Isabella Campos/Folhapress

Segundo ela, o ambiente machista da caserna fizeram com que ela não denunciasse os assédios de imediato. “Relatei esse fato informalmente para uma superior, desabafei com ela. Quando eu cheguei no dia seguinte, ela havia relatado para os comandantes. Isso daí foi o início de um verdadeiro inferno na minha vida. Passei a ser punida sistematicamente e colocada em posições vexatórias”, contou.

O militar, no entanto, foi condenado a um ano e meio de detenção graças às mensagens usadas como prova, nas quais cobrava que a sargento o beijasse. Ele também foi alvo de uma representação do Ministério Público Militar (MPM) para a perda da patente de oficial.

Tanto o Exército quanto a Marinha e a Aeronáutica, não informaram se aplicaram punições disciplinares aos 23 militares identificados como alvo de denúncia por assédio ou importunação sexual. Desses, 11 já foram condenados ao menos em primeira instância, entre eles, 7 com sentença definitiva.

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