Jair Bolsonaro confirmou que vai depor presencialmente à Polícia Federal e Sergio Moro pretende acompanhar a declaração. O juiz poderá participar presencialmente ou enviar representantes para assistir ao depoimento do presidente.
Conforme apurou o DCM, Moro não acha uma má ideia ficar frente a frente com Bolsonaro. Isto porque não engoliu o fato de ter sido confrontado pelo chefe do executivo federal. O ex-juiz acusou seu ex-parceiro político de suposta interferência na PF.
Em conversas com aliados, o ex-ministro da Justiça afirmou que tem interesse em participar do depoimento. “Ele quer escutar Bolsonaro e até fazer perguntas. O objetivo é impedir que o presidente minta”, falou uma pessoa próxima ao ex-juiz.
E Moro tem dito que não há ninguém melhor do que ele para confrontar o presidente, caso invente alguma história. Porém, colegas pedem para que ele não vá ao depoimento. Na visão deles, apenas criará um fato para a imprensa e acabará tirando o foco do assunto principal.
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Moro no depoimento de Bolsonaro
O ex-juiz quer que Bolsonaro responda criminalmente pela interferência na Polícia Federal. E ele concordou com aliados que sua presença no depoimento poderá desviar o foco do tema central.
Porém, há muita gente querendo que ele concorra a presidente. E ficar frente a frente com Jair Messias poderia colocá-lo no centro da discussão política. Por conta disso, Moro ainda não sabe qual caminho seguir.
É bom destacar que ele pode acompanhar o depoimento de Bolsonaro. Isto foi assegurado pelo ex-ministro do STF Celso de Mello.
O inquérito que investiga Bolsonaro
Em setembro de 2020, o então decano do STF, ministro Celso de Mello, decidiu que Bolsonaro deveria depor presencialmente. Uma semana depois, o ministro Marco Aurélio Melo, aposentado neste ano, suspendeu o andamento do inquérito.
O caso era da relatoria de Celso, que negou ao mandatário a prerrogativa processual de depor por escrito. Tal pedido havia sido feito pelo procurador-Geral da República, Augusto Aras.
A decisão também autorizava que Moro acompanhasse pessoalmente o interrogatório, podendo inclusive fazer perguntas. O inquérito apura se Bolsonaro tentou interferir no comando da Polícia Federal para proteger familiares e aliados. A investigação foi aberta a pedido do PGR depois que Moro sugeriu que o presidente tentou interferir na PF.
A decisão do ministro se amparou no artigo 221, caput e parágrafo 1º, do CPP. Os dispositivos somente concedem esse benefício — depoimento por escrito — aos chefes de poderes da República (os presidentes da República, Câmara, Senado e do STF) que figurem como testemunhas ou vítimas — não, porém, quando estão na condição de investigados ou de réus.