Moro pula na piscina vazia. Por Emir Sader

Atualizado em 15 de dezembro de 2021 às 14:44
O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Fernando Moro — Foto: Nelson Almeida/AFP

Por Emir Sader

Depois de vacilar muito, Sergio Moro finalmente aderiu a um partido do Centrão e se lançou como candidato à presidência da republica. Foi imediatamente recebido pela mídia como o seu queridinho, repetindo mil vezes o discurso de adesão a esse partido, fazendo a apologia do seu candidato preferido.

Optou por tirar suas vestes de juiz para se lançar à politica, mas acreditando que seguiria tendo as blindagens com que se acostumou como juiz. Não somente agora está no meio do fogo, como já houve a Vaza Jato, que desmascarou os mecanismos de que se valeu a Lava Jato para operar.

Ser um juiz da Lava Jato no auge da ofensiva de direita é uma coisa. Ser um candidato à Presidência da República, por um partido do Centrão, é outra coisa. Lula não está mais preso, nem impedido de ser candidato. Mas é o candidato favorito a vencer as eleições, em que vai ter igualdade de condições e de tempo para falar suas verdades e desmistificar a Lava Jato e o próprio Moro.

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Sendo o candidato queridinho da mídia, Moro pode contar com a blindagem que ela lhe propicia, hoje já tem espaços privilegiados e sempre contará com isso. Mas não poderá escapar dos debates. Já disse que teme o debate com Lula. Sempre alega que seria pela experiência do petista, mas é porque terá que ouvir coisas que não gosta, com argumentos convincentes e hoje de domínio publico.

Além de tudo isso, Moro, assim como todos os candidatos da terceira via, aceita o modelo econômico neoliberal de Paulo Guedes. Por isso não falam do tema, tentam se esquivar dele.

O maior desastre que o país vive vem desse modelo. Foi ele que desarticulou os direitos conquistados ao longo do tempo, que privatizou, com mecanismos de corrupção, patrimônio publico, favorecendo os interesses de grandes corporações internacionais. Que favorece os interesses dos bancos privados e da especulação financeira.

É o modelo neoliberal que colocou o país na armadilha da tensão entre inflação ou desenvolvimento econômico, recessão ou descontrole das contas públicas.

Na última pesquisa, depois das projeções de que ele chegaria a dois dígitos em fevereiro, Moro se mantém com 6% e, na pesquisa espontânea, tem apenas 2%. Enquanto o Lula chega a 48% no primeiro turno. E Bolsonaro se confirma como seu principal opositor, com 21%.

Durou muito pouco tempo a lua-de-mel de Moro. Apesar de apoiado por praticamente todos os comentaristas políticos, não consegue decolar nas pesquisas. Moro saltou na piscina, achando que ia encontrar uma onda favorável.

Chegou dizendo, com pompa e circunstaâcia, que “é preciso falar da corrupção”, achando que o país era o mesmo de 5 anos atrás, assim como sua credibilidade. A piscina estava vazia e ele se esborrachou.

Moro é a alternativa que nunca foi. Tão rapidamente baixou de uma breve chegada aos dois dígitos a retornar aos 5 ou 6%. Apesar da promoção de praticamente toda a mídia, que fez dele o seu candidato.

Pior ainda, Moro fica cada vez mais longe de Bolsonaro, apesar da bateria de ataques que ele desferiu contra o presidente. As duas possibilidades mais prováveis com que Moro terá que se enfrentar são: a vitória de Lula no primeiro turno ou um segundo turno entre Lula e Bolsonaro.

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