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Moro, que tirou fotos com Aécio, hoje é papagaio de pirata de Bolsonaro. Por Carlos Fernandes

Moro e Aécio

O dia amanheceu com a Polícia Federal batendo à porta da família Neves. Aécio e sua irmã, Andrea, são alvos de novas investigações relacionadas à delação da JBS.

Segundo as denúncias, o ainda senador e deputado federal eleito por Minas Gerais teria recebido em propina algo em torno de R$ 100 milhões entre os anos de 2014 e 2017.

Para ser mais exato segundo as investigações, 109,4 milhões de reais.

Isso num espaço de tempo de no máximo 4 anos. E, pior, “só” ao tocante à JBS.

Para quem não lembra, dado o sumiço do rapaz, Aécio era aquele cidadão que iria livrar o país da corrupção quando concorreu à presidência da República contra a presidenta Dilma Rousseff.

Bajulado por todos os grandes meios de comunicação, o “mineirinho” era tido como a grande resposta a “tudo isso que está aí”. Era, para utilizar o linguajar messiânico de Marina Silva, o precursor da “nova política” no Brasil.

Badalado em todas as rodas do consórcio que promoveu o maior ataque à democracia brasileira desde o golpe de 64, não foram poucas as vezes em que pousou sorridente para fotos ao lado de outros baluartes do “combate à corrupção”.

O então juiz Sérgio Moro, praticamente um ator global, se desmanchava como um dos seus mais fervorosos convivas.

Pois bem! Como sabemos, não precisou de muito tempo para que o “mito” Aécio Neves fosse desmascarado.

Os grampos telefônicos que vieram à tona revelando suas falcatruas, além, é claro, o seu, digamos, instinto assassino, derrubaram por terra a falácia do político honesto e comprometido com o futuro do país.

A subsequente prisão de sua irmã, que ao contrário do menino prodígio não conta com foro privilegiado, só comprovou que família de políticos hipócritas unida é aquela que rouba unida.

Desmoralizado, viu-se como um pária entre àqueles que pouco tempo atrás confraternizava com tanta alegria e afinidade.

Moro, que já possuía uma reputação política a zelar, cuidou logo de se afastar do moribundo Aécio e buscou novas personagens com futuros mais promissores.

Sua cruzada contra Lula e o PT desembocou inevitavelmente no presidente eleito Jair Bolsonaro, outro “mito”.

Finalmente livre daquela incômoda toga, Sérgio Moro agora pode desfrutar de todas as benesses do mundo político. Sem constrangimentos, sem cerimônias, sem questionamentos.

Ministro nomeado, já não existem limites para os holofotes. Como um papagaio de pirata, poderá pousar em todas as manchetes em que estiver o novo “salvador da Pátria”.

O diabo é que o prazo de validade da maquiagem de “políticos honestos” da família Bolsonaro parece ser menor do que o da família Neves.

Ainda nem empossado, o novo governo já se vê às voltas com denúncias das mais graves possíveis envolvendo os consanguíneos do Messias.

Moro, cujo senso de oportunidade não pode ser negado, talvez já se questione sobre o preço cobrado a quem serve “heróis” tão frágeis e efêmeros.

A história desse país, que com Aécio se repetiu como tragédia, volta a se repetir agora como farsa.

E enquanto os oportunistas pulam de bote em bote, os ignorantes tapeados se afogam nos mares da burrice e da vergonha.

Carlos Fernandes

Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina

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Carlos Fernandes

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