Neste sábado (09), o ex-juiz parcial Sergio Moro (União Brasil-SP) foi às redes sociais rebater o professor e pesquisador de Harvard, Hussein Kalout, após tomar uma invertida do moderador do painel do Brazil Conference, nos Estados Unidos, onde passou por uma espécie de sabatina. Participaram do evento o advogado Augusto de Arruda Botelho e a jornalista Eliane Cantanhêde.
“Ao final, não pude responder no Brazil Conference sobre o motivo pelo qual considero o projeto Lula/PT extremista. Então esclareço sobre Lula/PT: a) negacionismo histórico próprio de ditadores; b) defensor de Cuba, Venezuela, Nicarágua e outros regimes autoritários”, disse Moro no Twitter.
“c) defensor de censura disfarçada de controle social da imprensa; d) a favor de invasão de terras; e) é contra os padrões de vida da classe média que é o baluarte da moderação e da democracia. E nem falei da corrupção durante os Governos do PT. E você, acha Lula um democrata?”, finalizou.
Na sabatina, ele foi perguntado sobre a viabilidade da terceira via no Brasil e se disse um “soldado da democracia”, afirmando que seu nome está “à disposição” do “centro democrático” para concorrer à Presidência da República.
Para atacar seus dois opositores, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder de intenções de voto nas pesquisas eleitorais, Moro os colocou como extremistas, tentando estabelecer alguma equivalência entre o autoritário chefe do governo federal e Lula, que governou democraticamente o país por oito anos.
Confira a publicação de Moro:
➡️ c) defensor de censura disfarçada de controle social da imprensa; d) a favor de invasão de terras; e) é contra os padrões de vida da classe média que é o baluarte da moderação e da democracia. E nem falei da corrupção durante os Governos do PT. E você, acha Lula um democrata?
— Sergio Moro (@SF_Moro) April 9, 2022
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Moderador dá invertida em Moro
O moderador do painel tratou de corrigir Moro. “Eu queria fazer um esclarecimento para não parecer que eu estou tomando partido dos lados dessa contenda. Como cientista político, gostaria de dizer que quando a gente fala de extremismo, colocar duas forças políticas como extremadas, talvez isso não reflita a realidade”, começou.
“Acho que sim, o presidente Bolsonaro se mostrou um político extremista, se mostrou sim um político radicalizado e ele procura fazer isso constantemente no exercício da função pública na condição de presidente da República. O senhor reconheceu que ele aviltou as instituições, impediu a implementação de uma política anticorrupção nas instituições públicas brasileiras, mas eu acho que – e isso não se trata da defesa do presidente Lula e nem do PT – não é apropriado trazer uma avaliação colocando um governo ou uma instituição partidária que exerceu o poder durante 13 anos, vencendo quatro eleições presidenciais, como extremada no exercício da política nacional”, continuou.
“extremismo é um pouco perigoso”
“Acho que sim, pode haver críticas às políticas públicas, é importante, mas rotular com extremismo é um pouco perigoso. É importante que isso seja dito. O PT quando foi impichado reconheceu o resultado jurídico do processo do impeachment, houve uma transição pacífica do poder. O presidente Lula, quando sua prisão foi determinada pelo senhor [Sergio Moro], cumpriu a decisão judicial, não a desafiou”, disse.
“Então isso reflete um pouco também um espírito democrático, ainda que haja discordância sobre sua política pública ou sua conduta. É importante reconhecer isso. Acho que colocar Bolsonaro e Lula na mesma equivalência me parece uma grande distorção histórica, ainda que se possa criticar o ex-presidente. Não há uma simetria possível, equivalente entre os dois lados no exercício do cargo público e no respeito às instituições”, finalizou.
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