Moro usou Abin de forma ilegal para chantagear Bolsonaro, diz Tony Garcia

Atualizado em 12 de julho de 2024 às 14:37
Tony Garcia e Sergio Moro. Foto: reprodução

Após a Polícia Federal prender bolsonaristas acusados de usarem irregularmente a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o empresário e ex-deputado estadual Tony Garcia acusou o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) de utilizar a estrutura estatal para “serviços clandestinos” quando era juiz em Curitiba e principalmente enquanto foi ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Investigado na operação Lava-Jato, o ex-parlamentar alega que foi manipulado pelo ex-magistrado e por desembargadores a investigar juízes e ministros do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) para ter uma redução de sua pena.

No acordo ilegal, o então juiz teria passado 30 missões ao empresário para aceitar um acordo de delação premiada. Entre as ordens, Garcia seria obrigado testemunhar um suposto recebimento de propina do ministro Vicente Leal, do STJ. O empresário também usa áudios como provas de que o senador o usava como “agente infiltrado”.

Em uma publicação no X, antigo Twitter, nesta sexta-feira (12), o ex-deputado afirmou que Moro ordenou “investigar clandestinamente” o senador Flávio Bolsonaro (PL) com o objetivo de chantagear seu pai, então candidato à presidência, caso ele não fosse indicado para uma vaga no STF. Garcia inicia o texto pedindo atenção da PF, do Supremo, e dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.

“O ex-juiz criminoso Sergio Moro desde sempre usou a Abin para serviços clandestinos, tanto na Lava-Jato, quanto no meu caso e principalmente quando ocupou o cargo de ministro da justiça de Jair Bolsonaro. A primeira pessoa que ele mandou investigar clandestinamente, pasmem, foi o filho do presidente, Flávio Bolsonaro”, escreveu o empresário.

A investigação da PF aponta que o ex-presidente usou o esquema de espionagem da Abin contra seus adversários políticos e para ajudar ao menos dois membros do clã que eram alvos de Justiça. Um áudio mostra a estratégia de Bolsonaro e Ramagem para blindar Flávio pelo esquema da “rachadinha”.

“Moro levantou a vida de Flávio na intenção de obter informações comprometedoras que garantiriam sua indicação ao STF. Ato contínuo, usou a mesma estrutura para investigar clandestinamente dois ministros do STF que combatiam a Lava Jato”, emendou.

Garcia também afirma que alertou um deputado federal próximo a Bolsonaro, à época, que Moro estaria utilizando a Abin para devassar a vida da família do ex-presidente. Teria sido justamente esse parlamentar que levou as informações ao então chefe do Executivo, iniciando o processo de demissão de Moro em 2020.

O ex-juiz deixou o governo após afirmar que o ex-presidente queria “interferir na Polícia Federal” ao tentar nomear Alexandre Ramagem, apontado como líder da “Abin paralela”, como diretor da corporação. “Eu alertei um amigo deputado federal próximo do ex-presidente, que Moro estava usando todo o aparato estatal para levantar a vida da família do presidente na intenção de chantageá-lo caso não o indicasse ao STF”, explicou em sua denúncia.

O ex-parlamentar paranaense concluiu suas acusações afirmando que “Moro não resistiria à uma investigação da PF no tempo em que foi ministro. Deve ter deixado rastros enormes de seus crimes como deixou por onde passou apostando na impunidade”.

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