Moro visita a Folha e a CNN com Renata Abreu, dona do Podemos

Atualizado em 17 de novembro de 2021 às 16:37
Moro e Renata Abreu na filiação do ex-juiz ao Podemos
Moro e Renata Abreu na filiação do ex-juiz ao Podemos

Sergio Moro iniciou uma nova fase na sua pré-campanha à presidência.

Nesta terça, participou do programa do Bial, na TV Globo.

Antes, já havia visitado a CNN Brasil e a redação da Folha, onde foi recepcionado pelo presidente do Conselho de Administração da empresa, Luiz Frias, e por Sérgio Dávila, diretor de redação.

Em ambas as visitas Moro estava acompanhado da assessora de imprensa, Cristiane Salles, e da presidente do Podemos, e futura coordenadora de campanha do ex-juiz da Lava Jato, Renata Abreu.

Folha, tampouco a CNN, não divulgaram o teor das conversas.

Teria sido interessante, porém, se tivessem abordado Moro sobre o que pensa de uma história envolvendo o Podemos e divulgada com exclusividade semana passada no DCM: o esquema capitaneado por Renata Abreu para desviar recursos do Fundo Partidário para fins particulares.

Aconteceu em Santa Cruz do Rio Pardo, pequena cidade do interior de São Paulo. Moradores de Cajamar e Franco da Rocha, sem nunca terem pisado na cidade, criaram uma comissão provisória do Podemos em Santa Cruz.

Abriram uma conta bancária bem longe dali: no bairro do Limão, onde fica o Centro de Tradições Nordestinas, entidade comandada por José Abreu, pai de Renata e fundador do PTN, que depois virou Podemos.

O negócio prosperou: um dia após ser aberta, o Fundo Partidário do Podemos começou a fazer depósitos na conta-corrente.

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O esquema veio a tona por acaso, quando a Justiça solicitou os extratos bancários do diretório de Santa Cruz e descobriu a movimentação. A emenda, então, saiu pior que o soneto.

O partido decidiu emitir notas fiscais para justificar em nome de Fátima de Jesus Chaves, contadora do diretório nacional do Podemos e velha conhecida da família Abreu.

No mês passado, um dos envolvidos no escândalo, Juraci Barbosa, ex-presidente da sigla em Santa Cruz, se prontificou a devolver R$ 369 mil.

O gesto, porém, não sensibilizou a Justiça.

No mês passado, o juiz eleitoral Rafael Martins Donzelli rejeitou as contas do partido em Santa Cruz e determinou o envio dos autos ao Ministério Público Federal.

“A constituição do órgão partidário do Podemos em Santa Cruz do Rio Pardo serviu, única e exclusivamente, para o desvio de vultosos valores do fundo partidário”, escreveu Donzelli.

“Observam-se gravíssimas irregularidades decorrentes da emissão das notas fiscais, ausência de comprovação da efetiva prestação de serviços e divergência do beneficiário dos valores”, registrou o juiz.

O poder e os rolos da família Abreu

Renata Abreu e o pai, José, são velhos conhecidos de quem acompanha a vida política de São Paulo.

São ricos, desqualificados e permanentemente envolvidos com problemas na Justiça.

Renata responde duas ações por ter enganado candidatas para preencher a cota de mulheres na eleição de 2018, a mesma em que Bolsonaro venceu ajudado por Moro.

As ações foram apresentadas pelo Ministério Público eleitoral de São Paulo sob acusação de que o Podemos recorreu a candidaturas laranjas.

As candidatas afirmaram terem sido usadas pela deputada apenas para preencher a cota feminina.

Essas mulheres que denunciaram a presidente do Podemos ao Ministério Público afirmam que Renata prometeu distribuir igualmente entre as candidatas do partido 30% dos 36 milhões de reais destinados pelo fundo eleitoral.

Na hora da eleição, deixou todas à míngua.

A única que recebeu recursos vultosos foi Heida Woo, aquinhoada com R$ 700 mil.

Mas não pense que foi por razões ideológicas. O repasse se deu para, segundo a própria Renata esclareceu às correligionárias, quitar o pagamento de uma dívida de seu pai ao marido de Heida, o ex-politico William Woo.

Dono da Atual AM, José de Abreu é um multimilionário empresário do setor de radiocomunicação, com emissoras de projeção em todo o país, sediadas especialmente na capital e grande SP.

Chegou a ser acusado de manter sua governanta na folha de pagamento do partido, com recursos do fundo partidário.

Um típico ‘cidadão de bem’, ao gosto de Moro e dos inocentes que acreditaram na Lava Jato e continuam seguindo o ex-juiz e agora pretenso candidato a mandatário número 1 do país.